O telescópio James Webb captou novas imagens de Júpiter “com uma mancha vermelha” que os astrónomos identificam como tempestades de areia que teriam “capacidade de engolir a Terra”.
O telescópio James Webb forneceu duas novas imagens “surpreendentemente precisas” de Júpiter, que mostram tempestades gigantes e ventos extremos e oferecem aos cientistas novas pistas sobre a vida interna deste planeta.
A agência espacial norte-americana (NASA) celebrou esta segunda-feira a qualidade dos detalhes das novas imagens, que, segundo Imke de Pater, professor emérito da Universidade da Califórnia e codiretor das observações, não deveriam ser “tão boas”.
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New Webb images of Jupiter highlight the planet’s features, including its turbulent Great Red Spot (shown in white here), in amazing detail. These images were processed by citizen scientist Judy Schmidt: https://t.co/gwxZOitCE3 pic.twitter.com/saz0u61kJG
— NASA Webb Telescope (@NASAWebb) August 22, 2022
As fotografias divulgadas permitem ver que as auroras em Júpiter se estendem a grandes altitudes sobre os polos norte e sul. Captadas pelo instrumento NiRcam, que possui três filtros infravermelhos, esta luz não é visível pelo olho humano.
Para desenhar uma imagem, os dados foram, portanto, “traduzidos” para o espetro visível. Comprimentos de onda mais longos tendem a parecer mais “avermelhados” e os comprimentos de onda mais curtos, mais azuis.
Nestas imagens é claramente visível a “grande mancha vermelha“, uma tempestade de areia que, segundo a NASA, é tão grande que “poderia engolir a Terra”. A agência explica também que aparece “branca” por refletir muita luz solar.
Heidi Hammel, cientista do Webb, aponta que este brilho é sinal de alta altitude, deduzindo que este grande evento tem “neblinas de alta altitude”.
Os anéis de Júpiter, “um milhão de vezes mais escuros que o planeta”, segundo o comunicado, e duas pequenas luas, chamadas Amalthea e Adrasthea, também podem ser vistas nas imagens.
O telescópio James Webb, um projeto de 10.000 milhões de dólares, tem o nome de um antigo administrador da NASA e foi enviado para o espaço a 25 de dezembro, após sucessivos atrasos, num foguetão de fabrico europeu. Está em órbita a 1,5 milhões de quilómetros da Terra.
A astrónoma portuguesa Catarina Alves de Oliveira, que trabalha no Centro de Operações Científicas da ESA, em Espanha, é responsável pela calibração de um dos quatro instrumentos do James Webb, participando na campanha de preparação das observações com fins científicos.
Em entrevista à Lusa, Catarina explicou que esteve “no centro de controlo da missão nos Estados Unidos, a monitorizar o estado de desempenho do NIRSpec”.
Também se envolveu na “calibração deste instrumento, analisando alguns dos primeiros dados que o Webb” adquiriu no espaço, acrescentou. Catarina de Oliveira deu “apoio à comunidade científica” na utilização dos instrumento do Webb.
Vários cientistas portugueses estão envolvidos em projetos de investigação que implicam tempo de observação com o telescópio.
Os astrónomos esperam com o James Webb obter mais dados sobre os primórdios do Universo, incluindo o nascimento das primeiras galáxias e estrelas, mas também sobre a formação de planetas.
ZAP // Lusa