James Webb mostra novas imagens que podem ajudar a perceber interior de Júpiter

NASA / ESA / CSA / Jupiter ERS Team

O telescópio James Webb captou novas imagens de Júpiter “com uma mancha vermelha” que os astrónomos identificam como tempestades de areia que teriam “capacidade de engolir a Terra”.

O telescópio James Webb forneceu duas novas imagens “surpreendentemente precisas” de Júpiter, que mostram tempestades gigantes e ventos extremos e oferecem aos cientistas novas pistas sobre a vida interna deste planeta.

A agência espacial norte-americana (NASA) celebrou esta segunda-feira a qualidade dos detalhes das novas imagens, que, segundo Imke de Pater, professor emérito da Universidade da Califórnia e codiretor das observações, não deveriam ser “tão boas”.

As fotografias divulgadas permitem ver que as auroras em Júpiter se estendem a grandes altitudes sobre os polos norte e sul. Captadas pelo instrumento NiRcam, que possui três filtros infravermelhos, esta luz não é visível pelo olho humano.

Para desenhar uma imagem, os dados foram, portanto, “traduzidos” para o espetro visível. Comprimentos de onda mais longos tendem a parecer mais “avermelhados” e os comprimentos de onda mais curtos, mais azuis.

Nestas imagens é claramente visível a “grande mancha vermelha“, uma tempestade de areia que, segundo a NASA, é tão grande que “poderia engolir a Terra”. A agência explica também que aparece “branca” por refletir muita luz solar.

Heidi Hammel, cientista do Webb, aponta que este brilho é sinal de alta altitude, deduzindo que este grande evento tem “neblinas de alta altitude”.

Os anéis de Júpiter, “um milhão de vezes mais escuros que o planeta”, segundo o comunicado, e duas pequenas luas, chamadas Amalthea e Adrasthea, também podem ser vistas nas imagens.

O telescópio James Webb, um projeto de 10.000 milhões de dólares, tem o nome de um antigo administrador da NASA e foi enviado para o espaço a 25 de dezembro, após sucessivos atrasos, num foguetão de fabrico europeu. Está em órbita a 1,5 milhões de quilómetros da Terra.

A astrónoma portuguesa Catarina Alves de Oliveira, que trabalha no Centro de Operações Científicas da ESA, em Espanha, é responsável pela calibração de um dos quatro instrumentos do James Webb, participando na campanha de preparação das observações com fins científicos.

Em entrevista à Lusa, Catarina explicou que esteve “no centro de controlo da missão nos Estados Unidos, a monitorizar o estado de desempenho do NIRSpec”.

Também se envolveu na “calibração deste instrumento, analisando alguns dos primeiros dados que o Webb” adquiriu no espaço, acrescentou. Catarina de Oliveira deu “apoio à comunidade científica” na utilização dos instrumento do Webb.

Vários cientistas portugueses estão envolvidos em projetos de investigação que implicam tempo de observação com o telescópio.

Os astrónomos esperam com o James Webb obter mais dados sobre os primórdios do Universo, incluindo o nascimento das primeiras galáxias e estrelas, mas também sobre a formação de planetas.

ZAP // Lusa

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