EUA avisam que Rússia vai intensificar ataques contra civis

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Roman Pilipey / EPA

As agências de inteligência norte-americanas acreditam que a Rússia vai intensificar esforços para atacar infraestruturas civis e edifícios governamentais.

Como tal, a embaixada pediu aos cidadãos norte-americanos que ainda continuam na Ucrânia que abandonem o país imediatamente.

“Se ouvir uma explosão forte ou sirenes, procure abrigo de forma imediata. Se estiver dentro de casa ou de um edifício, dirija-se ao nível mais baixo da infraestrutura, com menos aberturas e janelas; feche quaisquer portas e sente-se junto de uma parede interior”, lê-se no aviso emitido pela embaixada norte-americana em Kiev.

O aviso surge num momento em que a Ucrânia está prestes a comemorar o feriado do Dia da Independência. O governo dos EUA divulgou um alerta dos serviços secretos, de forma a garantir que as preocupações das autoridades em relação à ameaça atingissem um público amplo.

“O Departamento de Estado tem informações de que a Rússia está a intensificar os esforços para lançar ataques contra a infraestrutura civil e instalações governamentais da Ucrânia nos próximos dias”, escreveu o Departamento de Estado dos EUA. “Os ataques russos na Ucrânia representam uma ameaça contínua aos civis e à infraestrutura civil”.

Cessar-fogo rápido “não é aconselhável”

Lawrence Freedman, professor emérito e investigador da King’s College London nas áreas de conflito e segurança, falou ao Expresso sobre o desgaste das tropas russas no terreno.

Freedman salienta que a Rússia “está a debater-se para encontrar mão-de-obra” e que, ao contrário dos ucranianos, “tem dificuldade em motivá-la para lutar”.

A maioria dos soldados russos vem “das periferias da Rússia, longe dos principais centros”. Estes jovens são maioritariamente motivados por razões financeiras, já que é oferecido “um bom dinheiro para se alistarem”, explica o especialista britânico.

O investigador diz ainda que os russos “estão exaustos, mas vão tentar a continuar”. “Não se pode sustentar este tipo de perda em homens, equipamentos e reputação sem causar danos permanentes a toda a instituição militar”, salienta em declarações ao Expresso.

“Em que momento os russos decidirão que já não vale a pena, que é melhor seguir em frente? Essa é a questão-chave, mas acredito que isso só acontecerá quando começar a haver avanços sérios da parte da Ucrânia. Só nesse momento eles sentirão que têm de negociar um acordo ou retirar-se”, entende Freedman.

“Do ponto de vista militar, acho que é preciso dizer que os russos não conseguiram atingir os seus objetivos”, avalia o premiado com a Ordem do Império Britânico. No entanto, “os ucranianos também não estão a ganhar neste momento”, embora tenham sido eficazes defensivamente.

“Qualquer cessar-fogo conseguido rapidamente, e que permitisse à Rússia alegar que obteve sucesso, não seria aconselhável, se quisermos evitar uma Terceira Guerra Mundial”, acrescentou o professor da King’s College London.

Quanto ao número de fatalidades de soldados russos, o professor universitário recusa-se a avançar com um número preciso, visto que “serão sempre estimativas” e que até mesmo depois de uma guerra acabar, é sempre complicado aferir o número de baixas.

Por sua vez, a Ucrânia admitiu esta segunda-feira a morte de cerca de 9.000 dos seus soldados desde o início da invasão russa, há seis meses.

“Os ucranianos também sofreram muitas baixas, mas a motivação deles é muito elevada. Essa é a grande diferença entre ambas as tropas”, realça Freedman.

Responsável ucraniano diz que Daria Dugina foi executada pela Rússia

O secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia declarou hoje que o assassínio de Daria Dugina, filha do filósofo russo Alexander Dugin, foi uma “execução realizada pelos serviços secretos russos”.

Em declarações ao canal ucraniano 24 reproduzidas por agências de notícias locais, Oleksii Danilov negou as acusações dos serviços secretos russos que implicam a Ucrânia na morte de Dugina.

“O nosso Serviço de Segurança não tem nada a ver com isso”, afirmou, sublinhando que a mulher “não tinha realmente importância” para a Ucrânia.

“O FSB [Serviço Federal de Segurança da Federação Russa] fê-lo [o homicídio] e agora estão dizer que foi alguém do nosso lado que o cometeu”, acrescentou Danilov.

O responsável pelo Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia sublinhou que os ucranianos “não trabalham assim” e têm tarefas mais importantes: “Não estamos envolvidos na explosão que matou esta mulher, isso é obra dos serviços secretos russos”, reiterou.

Danilov disse ainda que Daria Dugina e o seu pai criticaram o que a Rússia chama de “operação especial” militar na Ucrânia, porque achavam que estava a prolongar-se por muito tempo.

Na sua opinião, são os serviços secretos russos que estão a começar a livrar-se das pessoas que criticam os alegados “sucessos” militares da Rússia na guerra.

Já Mykhailo Podoliak, conselheiro do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e membro da equipa nomeada por Kiev para negociar um possível cessar-fogo com a Rússia, disse na rede social Twitter que as acusações de Moscovo “não são mais do que o resultado da propaganda” difundida pelo Kremlin, que “está a criar novamente mundos fictícios”.

Daria Dugina, filha de Alexander Dugin – filósofo russo próximo ao Kremlin – morreu na explosão do carro que conduzia na região de Moscovo, no sábado à noite.

ZAP //

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3 Comments

  1. Matem mais Russos para que isto termine o mais rápido possível, pois só assim é que eles vão sentir o que os Ucranianos sentem com a perda de milhares de filhos/as sem fazerem mal a ninguém. Cada um têm aquilo que merece.

  2. Por quanto mais tempo a população Russa vai continuar a ser conivente e ver morrer os seus filhos, neste genocídio que só aproveita à ambição de um louco e meia dúzia de nazis alienados, condenados ao fracasso?…

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