A Viagem Medieval está de regresso a Santa Maria da Feira. O evento, que para celebrar a 25ª Edição lançou uma música oficial, inclui “Era uma vez…” — um espetáculo que, em 30 minutos, conta enredos de nove reinados da monarquia portuguesa a uma plateia de crianças.
A Viagem Medieval de Santa Maria da Feira apresenta até 14 de agosto um espetáculo que, em 30 minutos, conta enredos de nove reinados da monarquia portuguesa a uma plateia que pode chegar a 800 crianças por dia.
Em cena quatro vezes por jornada, junto ao rio Cáster, a produção “Era uma vez…” já é um formato habitual nessa recriação histórica do distrito de Aveiro e leva ao evento conteúdos teatrais cujo tom lúdico é dirigido sobretudo ao público infantil, mas também cativa adultos atentos a deixas com duplo sentido.
O conceito foi desenvolvido pela companhia Ponto Produções e, na versão este ano dedicada à Primeira Dinastia, materializa-se em palco com recurso a um elenco que é de apenas cinco atores, mas envolve um guarda-roupa que os transforma em dezenas de personagens – como reis e rainhas, nobres castelhanos, soldados e invasores mouros – para retratar as façanhas mais marcantes do período entre 1143 e 1383.
“O espírito-base do espetáculo é assumirmos que estamos confusos com tantos reis e rainhas e, a partir daí, falarmos de guerras e conquistas como a do Algarve, amores e desamores como o de Pedro e Inês, casamentos arranjados, filhos legítimos e bastardos, e até lendas como a do Milagre das Rosas”, conta à Lusa a produtora Ana Carlos.
De acesso livre para crianças com menos de três anos e custando aos restantes espetadores 2,5 euros além da entrada normal no recinto, a peça é exibida sempre às 15:00, 16:00, 17:00 e 19:00, e tem capacidade para acolher à sombra, em cada um desses horários, 180 a 200 pessoas.
“Tentamos transmitir o máximo de informação possível sobre os nove reinados da Primeira Dinastia, sempre de forma engraçada, e, se tivermos sorte, vai acontecer este ano o mesmo que em edições anteriores, quando algumas piadas foram tão apreciadas pelo público que, passado muito tempo, as pessoas ainda as repetiam quando nos encontravam”, recorda Ana Carlos.
Uma das referências que ficará na memória é às chamadas “Pragmáticas”, leis com que diferentes monarcas procuraram regular o comportamento de determinadas classes sociais, inibindo o consumo excessivo e os gastos desmesurados da aristocracia, por um lado, e limitando as manifestações de riqueza da burguesia, por outro, para assegurar a sua diferenciação face à nobreza.
Ana Carlos admite que a comicidade do tema pode não ter sido devidamente explorada nas aulas de História do ensino regular, mas garante que o assunto será abordado de forma divertida na Viagem Medieval, porque a referida legislação previa “coisas hoje consideradas absurdas”.
É o caso da proibição do uso de vermelho nas librés, por essa cor ser exclusiva do fardamento da Casa Real, ou o impedimento do uso de sedas e rendas como as de bilros – por esse ser um adorno luxuoso que deveria restringir-se às vestes de aristocratas.
Música original celebra 25ª edição
“Legado de Memórias” é a música original que a Viagem Medieval em Terra de Santa Maria lança, este ano, para celebrar a sua 25ª edição.
Até ao dia 14 de agosto, diariamente no início e no encerramento do evento vai ouvir-se este tema inédito que perpetuará a memória da Viagem Medieval junto dos feirenses e dos milhares de visitantes que por esta altura escolhem Santa Maria da Feira para viverem experiências diferenciadoras.
O tema original tem assinatura do músico e técnico da Feira Viva – empresa municipal, Humberto Teixeira, foi composto pelo maestro Marcelo Alves e ganhou forma com 13 jovens músicos da Orquestra e Banda Sinfónica de Jovens de Santa Maria da Feira, dirigida pelo maestro Paulo Martins.
Os violinos, as violas, os violoncelos, o contrabaixo e a percussão dão à música Legado de Memórias uma identidade própria e a sonoridade pretendida: uma música empolgante que não deixa ninguém indiferente.
Mais do que um legado da Viagem Medieval ao território e às suas gentes, a música assume-se como uma marca diferenciadora deste evento maior de recriação histórica e inicia um novo ciclo que terá continuidade com a criação de temas inéditos para os espetáculos de grande formato.
Após uma interrupção de dois anos devido à pandemia de covid-19, a 25.ª Viagem Medieval de Santa Maria da Feira é dedicada aos vários reinos retratados nas 24 anteriores edições do evento e, com um orçamento de 1,5 milhões de euros, propõe-se evocar em 12 dias os nove reinados da Primeira Dinastia.
Ocupando uma área de 33 hectares no centro histórico da cidade, a recriação envolve o trabalho de 2.000 pessoas por dia e apresenta em cada jornada 80 espetáculos de vários formatos, um dos quais com 300 atores e figurantes em cena.
A afluência esperada em 2022 é a mesma da edição de 2019, quando, segundo a autarquia, o evento recebeu cerca de 700.000 visitantes.
ZAP // Lusa