China ameaça EUA com resposta militar perante possível visita de Pelosi a Taiwan

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Shawn Thew / EPA

Pelosi é uma das figuras dos EUA com uma postura mais dura contra a China. Os planos de uma visita sua a Taiwan despoletou ameaças de Pequim e abriu uma fissura entre a Presidente da Câmara dos Representantes e Joe Biden.

A Presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, tem uma visita planeada à Ásia para Agosto, mas os rumores de que Taiwan pode ser uma das paragens têm aumentado ainda mais a tensão entre Pequim e Washington.

A notícia foi avançada pelo Financial Times e a Casa Branca não é adepta da ideia, tendo esperanças de que a viagem seja cancelada devido aos receios de que a ida desencadeie uma crise na região.

Caso Pelosi avance, será a mais alta figura política norte-americana a visitar Taipei nos últimos 25 anos. De acordo com uma fonte anónima da Casa Branca citada pelo The Washington Post, vários altos responsáveis dos serviços de inteligência e defesa da administração Biden já alertaram Pelosi para os riscos da visita, mas “toda a gente entende que a decisão é dela” e que tem de se “respeitar a separação de poderes”.

“Isto não é um problema por se estar ao lado de Taiwan. O problema é que há muitas preocupações na região de que isto possa ser visto como uma provocação que leve a que a China responda de formas potencialmente imprevisíveis”, refere a fonte.

Os responsáveis da administração acreditam também ser pouco provável que Pequim faça uma distinção entre as posições de Biden e de Pelosi e que entenda que o chefe de Estado não a pode impedir de fazer a visita. É também provável que Pelosi viajasse num avião militar, o que pode ser especialmente irritante para a China.

O próprio Joe Biden já comentou os rumores, dizendo que “o exército acha que não é uma boa ideia agora”. No entanto, Pelosi respondeu a Biden dizendo que não está a defender a independência do território que é reclamado pela China, mas considera “importante dar apoio a Taiwan“.

As duas figuras Democratas mais poderosas dos Estados Unidos estão assim de costas voltadas neste assunto. Cerca de um terço do eleitorado no distrito da Califórnia que Pelosi representa é de ascendência asiática e a líder da Câmara dos Representantes é uma das figuras políticas em Washington com uma postura mais dura contra a China.

O Financial Times também avançou que as autoridades chinesas enviaram um aviso privado ao Governo norte-americano sobre as consequências da viagem e que a nota incluía uma possível resposta militar. O jornal avança que o tom das ameaças era bem mais grave em comparação a outras feitas no passado quando a China se mostrou descontente com a postura dos Estados Unidos em relação a Taiwan.

Pequim não foi específico sobre a sua potencial reacção. As forças chinesas podem tentar impedir Pelosi de aterrar em Taiwan ou usar jactos para interceptar o avião militar dos Estados Unidos. A Casa Branca está a tentar entender se as ameaças da China são sérias ou de não passam de um bluff para pressionarem Pelosi a cancelar a visita.

O porta-voz do governo chinês, Zhao Lijan, deixou clara a posição de Pequim sobre o assunto, considerando que a visita “mina seriamente a soberania e integridade territorial da China”. “Se os Estados Unidos insistirem obstinadamente, a China vai responder com medidas resolutas e vigorosas para defender a sua soberania nacional”, avisou.

Desde 1979 que Washington tem uma política de uma “China única” em relação a Taiwan, em que reconhece que o Governo de Pequim é o único legítimo no território chinês. No entanto, os EUA não reconhecem que a ilha é parte da China, reconhecendo apenas que o território é reclamado por Pequim.

Nos últimos meses, a relação entre a China e os EUA tem azedado ainda mais, com os chineses a acusar os americanos de estarem a abandonar a postura mais neutra devido ao envio de antigos altos responsáveis governamentais de Washington a Taipei, como a ida de Mike Pompeo, ex-Secretário de Estado de Donald Trump, a Taiwan em Março.

O timing desta visita também é sensível já que aconteceria poucos meses antes de uma grande conferência do Partido Comunista Chinês onde se espera que Xi Jinping seja reconduzido para um terceiro mandato como líder.

A tensão entre Taipei e Pequim está também a atingir um pico. Nos últimos tempos, têm havido cada vez mais incursões de aviões chineses no espaço aéreo de Taiwan e Xi Jinping já avisou que quer uma reunificação pacífica, mas que está disposto a usar a força para assumir o domínio da ilha.

Perante este cenário, Biden já disse que os Estados Unidos vão defender Taiwan na eventualidade de um ataque militar de Pequim.

Adriana Peixoto, ZAP //

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4 Comments

  1. Pelosi disse sobre Putin ” Não podemos nos deixar intimidar por um valentão…temos que lhe fazer frente. ”
    Vaí lá! Queria ver ela fazer frente a China.

  2. A China cada vez mais com a mania e vai ser um problema para o mundo muito maior do que a Rússia.

    Mau é se agora os americanos começam dizer amém à China… e a depender da aprovação da China para visitarem outros países!…

  3. Esta mania do colonialismo imperialista destas potencias está a dar problemas a toda todos! Precisamente estes países já de si gigantes, foram aqueles que combateram por todos os meios os territórios portugueses estivessem onde estivessem. Falavam hipocritamente, sabemo-lo hoje, sobre a autodeterminação dos povos e tretas dessas. Curiosamente e tragicamente, são quem têm colónias! A China, ocupa o Tibete, o Território dos uigures, e ameaça Taiwan cujas primeiras visitas foram por sinal realizadas pelos portugueses no século XVI! Ou seja, a Ilha da Formosa não fazia parte da China até ao século XVIII! E mesmo assim, fez, como tem sempre feito, uma absorção do povo nativo da ilha que nem sequer são han, mas sim uma parte mestiça de han com nativos que têm origens maoris! A maior das 12 comunidades nativas reconhecidas, a Amis, supõe-se terem origens austronésias (malaio/polinésio dos quais os maoris também estão ligados). Após a ocupação japonesa e a derrota dos nacionalistas após a II G.M. e a sua fuga para a ilha, esta tornou-se uma obsessão para os chineses, mas a sua legitimidade é no mínimo duvidosa. O engraçado nisto tudo é que tanto falavam estes países de pulhas como a Rússia e a China contra países que como Portugal construíram muitos dos países que hoje existem, pois antes de lá terem chegado nada havia a não serem pequenas tribos e ou reinos muito rudimentares que nem sequer se reconheciam ente si – como ainda hoje acontece -, mas as razões que certos partidos e países ligados aos movimentos comunistas e afins tanto defendiam, parecem ser agora surdos e mudos em relação a estes povos sempre sob ameaça, o que demonstra a ronha e a hipocrisia que sempre os moveu! Do Tibete já quase nem se fala…

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