Micro-robôs bacterianos eliminam tumores de forma localizada e sem causar dor

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Annie Cavanagh / Wellcome Images

Células cancerígenas

Uma equipa de investigadores alemães desenvolveu uma técnica que pode levar a um novo tratamento para o cancro, com recurso a micro-robôs feitos de bactérias que levam os fármacos diretamente aos tumores, atuando de forma localizada e indolor e evitando que o medicamento circule pelo organismo todo.

Nas conclusões dessa investigação, divulgadas num estudo publicado recentemente na Science Advances, a equipa explicou que o tratamento proposto envolve a utilização de micro-robôs feitos de bactérias magneticamente guiadas, que transportam e libertam localmente os fármacos necessários para eliminar os tumores.

“Esta libertação localizada seria minimamente invasiva, indolor, suportaria uma toxicidade mínima e os medicamentos atuariam onde fosse necessário e não no corpo todo”, explicou ao Interesting Engineering Yunus Alapan, um dos autores do estudo.

Para chegar a este resultado, a equipa anexou nanolipossomas e nanopartículas magnéticas a cerca de 86 bactérias E. coli. Essa junção permitiu criar um exército de microrobôs bio-híbridos bacterianos.

Os nanolipossomas ligados às E. coli modificadas são, na realidade, vesículas cheias de moléculas de fármacos quimioterápicos. A superfície exterior pode ser facilmente removida entrando em contacto com os raios infravermelhos. Já as partículas magnéticas ligadas às bactérias controlam o movimento no interior do corpo humano.

Sendo a E. coli móvel, os investigadores expuseram-na a um campo magnético, cuja direção guiou o movimento das partículas de óxido de ferro e das bactérias a que estavam ligadas. Para ligar as bactérias às partículas magnéticas e aos nanolipossomas utilizaram complexos de estreptavidina-biotina, agentes aglutinantes de biomoléculas usados para identificar novos alvos de tratamento.

“Imagine que injetaríamos tais micro-robôs no corpo de um doente com cancro. Com um íman, poderíamos dirigir as partículas em direção ao tumor. Quando houvesse microrobôs suficientes a rodear o tumor, apontaríamos um laser para o tecido, o que desencadearia a libertação do fármaco”, disse Birgul Akolpoglu, o principal autor.

Os investigadores afirmaram que a entrega localizada de fármacos quimioterápicos através desses micro-robôs poderia ser realizada sem causar qualquer dor ou infeção no interior do corpo do paciente.

Muitos cientistas têm tentado introduzir fármacos em microrganismos. Contudo, esta estratégia requer uma combinação perfeita de diferentes técnicas. Foi aqui que Birgül Akolpoglu e a equipa conseguiram chegar: os nanolipossomas ligados às bactérias são partículas que armazenam eficazmente os medicamentos contra o cancro.

Essas partículas libertaram o fármaco apenas quando entram em contacto com radiação infravermelha. Para ultrapassar as questões relacionadas com o controlo do movimento da E. coli, os investigadores utilizaram as propriedades magnéticas das partículas de óxido ferroso, encontrando, assim, os componentes necessários para superar os desafios associados ao tratamento do cancro através de bactérias.

ZAP //

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