As quatro medidas mais importantes para salvar vidas são o aumento dos limites de velocidade, o reforço da utilização de cintos de segurança e de capacete e a redução da condução sob influência de álcool.
Mais medidas de segurança rodoviária podem salvar meio milhão de vidas por ano, de acordo com um série de estudos publicados na Lancet.
Anualmente, 1,35 milhões de pessoas perdem a vida na estrada em todo o mundo, sendo que a maioria dos óbitos — 90% — acontece em países de baixos e médios rendimentos. Os dados da Organização Mundial da Saúde de 2018 revelam que a cada 24 segundos uma pessoa morre num acidente.
“Para os países com baixos ou médios rendimentos, a prevalência destas intervenções de segurança é muito reduzida ou longe do ideal”, revela o investigador Adnan Hyder ao Público.
Os cientistas defendem a implementação de programas nestes países onde a segurança rodoviária não é uma prioridade para os governos e apelam à Organização das Nações Unidas (ONU) que inclua a segurança rodoviária nas principais políticas de desenvolvimento e que estabeleça uma meta para o corte das mortes em acidentes rodoviários em metade, já que a maioria pode ser evitada.
Aumentar os limites de velocidade, reforçar a utilização de cintos de segurança e de capacete e a redução da condução sob efeito de álcool são as quatro medidas fundamentais para haver esta descida na mortalidade.
Uma meta-análise a 74 estudos em 185 países concluiu que a utilização de radares e a construção de vias com limites de velocidade mais baixos podem salvar quase 350 mil vidas por ano. Já a fiscalização mais frequente ao alcoolismo no sangue pode ajudar a salvar 15 mil pessoas anualmente. Em Portugal, o reforço destas medidas significaria o salvamento de 673 pessoas por ano.
A obrigatoriedade de utilização de cinto ou de capacete traduzir-se-ia em menos 170 mil mortes por ano em todo o mundo devido a acidentes na estrada. Os Estados Unidos seriam o país mais beneficiados por um reforço desta medida, com menos 14 mil mortes anuais.
Os limites de velocidade mais baixos nas zonas urbanas também são uma medida importante. Recentemente, Lisboa aprovou uma redução do limite para os 30 quilómetros por hora.
“O limite de 30 km/h deveria ser a norma em zonas urbanas, mas as partes interessadas argumentam contra – apesar dos estudos que mostram que salva vidas. Os decisores públicos devem ouvir os investigadores e os estudos publicados e não a indústria ou quem pretende aumentar a velocidade permitida nas estradas”, defende Adnan Hyder.
Para além das medidas preventivas, a resposta aos acidentes também pode ser reforçada. Um dos estudos revela que uma resposta mais rápida das equipas clínicas pode salvar 200 mil pessoas por ano.