Medalha do Nobel da Paz russo vendida por 98 milhões. Receitas vão para crianças ucranianas

Michał Siergiejevicz / Flickr

Dmitry Muratov, jornalista russo e editor-chefe da Novaya Gazeta

Dmitry Muratov, chefe de redação do Novaya Gazeta, vendeu a medalha do Prémio Nobel da Paz, recebido em 2021, num leilão em Nova Iorque.

Dmitry Muratov, chefe de redação do jornal russo Novaya Gazeta, vendeu a medalha do Prémio Nobel da Paz 2021 por 98,3 milhões de euros, para ajudar as crianças deslocadas pela guerra na Ucrânia.

O leilão foi realizado em Nova Iorque, esta segunda-feira, e as receitas vão para o programa para o programa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), para servirem de ajuda às crianças ucranianas deslocadas pela guerra, de acordo com a Heritage Auctions, que organizou a venda.

A oferta final foi realizada por telefone, de forma a que a identidade do licitador não fosse divulgada — 98,3 milhões de euros, dezenas de milhões de dólares mais alta que a anterior. Durante a tarde, a licitação mais elevada tinha sido de 522 mil euros.

“É essencial para nós que esta organização não pertença a nenhum governo. Pode trabalhar acima dos governos. Não há fronteiras para isso”, sublinhou Muratov, relativamente à escolha da UNICEF.

O chefe de redação ganhou o Nobel da Paz em 2021, juntamente com a jornalista filipina Maria Ressa, “pelos esforços para preservar a liberdade de expressão“.

O jornal russo Novaya Gazeta anunciou a suspensão das publicações digitais e impressas no final de março, até ao final do conflito na Ucrânia. Isto aconteceu depois de o Kremlin ter aumentado a pressão contra dissidentes.

Dmitry Muratov fez parte do grupo de jornalistas que fundou o Novaya Gazeta em 1993, após a queda da antiga União Soviética. Antes de suspender as publicações, o jornal foi o último a criticar Vladimir Putin, o Presidente russo.

O jornal russo é conhecido pelas investigações sobre corrupção e violações dos direitos humanos na Chechénia, que custaram a vida a seis colaboradores desde 1990, entre os quais a célebre jornalista Anna Politkovskaia, assassinada em 2006.

ZAP //

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