Asteróides “cápsula do tempo” revelam o caos que devastou o Sistema Solar no seu início

CC0 Public Domain

A análise a isótopos de paládio, prata e platina permitiram aos cientistas criaram uma cronologia dos choques entre asteróides que eram uma constante no início do Sistema Solar.

Um planeta para aqui, outro planeta para ali, uma cintura de asteróides pelo meio. O nosso Sistema Solar é um lugar caótico, e esta confusão era ainda pior no seu início.

Um novo estudo publicado na Nature Astronomy criou uma cronologia do caos deste Sistema Solar recém-nascido. Para isto, os autores usaram asteróides, que sofrem muitas poucas mudanças e funcionam quase como cápsulas do tempo rochosas com pistas sobre os tempos passados.

Ao longo dos anos, as repetidas colisões levaram a que os asteróides se começassem a fragmentar e perdessem os mantos isoladores que protegiam os seus núcleos de ferro e que, por sua vez, estes núcleos também se começassem a desfazer em pedaços, relata o Universe Today.

Alguns destes pedaços chegaram até à Terra — e foram agora os alvos da nova pesquisa. Os cientistas mediram as quantidades de isótopos de paládio, prata e platina em 18 meteoritos de ferro diferentes, já que estas medidas lhes permitem fazer estimativas mais próximas da cronologia dos eventos no início do Sistema Solar.

Na base da pesquisa estão as cadeias de decadência nos outros elementos, neste caso, o curto sistema de decadência 107Pd–107Ag. Esta cadeira tem uma meia-vida de cerca de 6,5 milhões de anos e é usada para detetar a presença de nuclídeos do início do Sistema Solar.

Durante os primeiros milhões de anos da história do Sistema Solar, os isótopos radioativos em degradação aqueceram os núcleos metálicos nos asteróides. Enquanto estes arrefeceram e mais isótopos se degradaram, um isótopo de prata (107 Ag) acumulou-se no seu núcleo.

Os investigadores mediram a proporção de 107 Ag em relação a outros isótopos e determinaram quando e quão rápido os núcleos dos asteróides arrefeceram. Os resultados também têm em conta os efeitos dos raios cósmicos galácticos.

“Para nossa surpresa, todos os núcleos dos asteróides que examinamos tinham sido expostos quase simultaneamente, num período de tempo entre 7,8 e 11,7 milhões de anos depois da formação do Sistema Solar”, revela Alison Hunt, autora do estudo.

Porque é que houve um período tão curto de tantas colisões caóticas? O estudo aponta algumas possibilidades. A primeira tem a ver com os planetas gigantes do Sistema Solar — se estes fossem instáveis naquela altura, pode ter reorganizado o interior do Sistema e mexido com os pequenos corpos, como os asteróides.

A outra hipótese prende-se com o arrasto do gás na nébula solar. Quando o Sol era uma protoestrela, estava rodeado de uma nuvem de gás e pó chamada uma nébula solar. Inicialmente, o gás era denso, o que atrasava o movimento dos asteróides com o arrasto do gás.

Eventualmente, a produção de vento solar e de radiação fez este gás tornar-se menos denso, o que diminuiu o arrasto e fez com que os asteróides se acelerassem e chocassem mais frequentemente. A equipa acredita que esta segunda hipótese é a mais provável.

ZAP //

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