Preços estabilizam após aumentos “impossíveis de controlar”

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Os preços que em abril sofreram uma subida significativa acabaram por estabilizar entre maio e junho, apesar da taxa de inflação que atinge máximos de três décadas, revelou uma análise do Observador.

Esta conclusão do jornal diário, divulgada na quarta-feira, surge de uma análise a um cabaz mensal – composto por bens considerados essenciais para uma família com filhos -, que acompanha a evolução dos preços dos produtos a cada mês, no atual contexto de inflação.

O jornal cita igualmente dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados na terça-feira, que mostram um disparo da taxa de inflação homóloga de maio para 8%, o valor mais elevado desde fevereiro de 1993. O índice dos produtos alimentares não transformados passou para 11,7%, comparativamente aos 9,4% de abril.

Relativamente ao mês anterior, os mesmos dados revelam que o índice de preços no consumidor (IPC) terá subido 1% em maio, uma desaceleração face aos 2,2% de abril, o que ajudará a explicar a estabilização dos preços no supermercado.

No mês passado “houve uma transferência do aumento dos custos dos fatores de produção para os produtos”, explicou ao Observador Gonçalo Lobo Xavier, diretor geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED).

“Os produtos que estiveram à venda em maio já foram inflacionados na compra em março e abril, e já incorporaram a guerra, os custos da energia e do transporte. Em março e abril ainda tínhamos esse crescimento, que foi impossível de controlar”, apontou. Em junho terão sido vendidos produtos comprados em maio, “portanto o crescimento não foi tão grande, porque essa incorporação já estava feita”.

Gonçalo Lobo Xavier referiu que, no caso das hortofrutícolas, “só em maio começámos a ter colheitas de alguns produtos portugueses”. “Os preços anteriores estavam inflacionados pela seca, pela escassez de oferta e pela necessidade de ir buscar produtos fora (…) Agora já temos as nossas colheitas e o preço desses produtos tende a baixar”, explicou.

Entre maio e junho, o valor do cabaz selecionado oscilou entre uma descida de 3,06% e uma subida de 1,19%. O valor total dos cabazes varia entre os 52,31 euros e os 55,09 euros. Comparando as mesmas compras entre abril e junho, obtemos diferenças que vão de uma descida de 6,41% até um aumento de 11,45%.

“Há uma procura cada vez maior por produtos de marca própria”, disse Gonçalo Lobo Xavier. “Além de terem subido de qualidade, têm preços mais competitivos. Por muito que as pessoas gostem da marca da indústria, tendo ao lado um produto semelhante mas dois ou três euros mais barato, vão escolher esse. É um sinal dos tempos. Não somos um país rico e estamos a sofrer com esta dinâmica dos preços”, salientou.

“As pessoas estão a fazer compras mais racionais”, indicou, acrescentando: “Estão a ir mais vezes ao supermercado e a trazer menos coisas. Porque estão à procura das promoções e têm pouco dinheiro disponível”.

ZAP //

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1 Comment

  1. Continuam a subir! Na semana passada, comprei três postas/lombos de bacalhau da Riberalves por 30 euros. Hoje, fui mais esperto, e comprei de outra marca, mas vi que esse produto que tinha comprado há uma semana, estava três euros mais caro.
    Um aumento correspondente de dez por cento! Vergonha!

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