O novo pacote de sanções da União Europeia estima uma perda anual de 79 mil milhões de euros para a Rússia, mesmo com as exceções acordadas entre os 27.
Esta terça feira de madrugada, os representantes dos 27 países que integram a União Europeia (UE) concordaram num pacote de medidas que, à cabeça, tem o fim da importação de petróleo russo.
Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, sublinhou que o embargo atingia dois terços das importações da Rússia, “cortando o financiamento da sua máquina de guerra”, segundo o Diário de Notícias.
De acordo com o documento redigido após a cimeira extraordinária do Conselho Europeu, o embargo “irá cobrir o petróleo bruto, bem como os produtos petrolíferos, entregues a partir da Rússia aos estados-membros, com uma exceção temporária para o petróleo bruto entregue por oleoduto”.
Segundo estas exceções, a Hungria, a Eslováquia e a República Checa, ficam isentas. Esta alínea é, ainda assim, temporária, pelo que não deve criar problemas de concorrência desleal entre os Estados-membros, ficando a ressalva de que o Conselho Europeu vai voltar a analisar “a questão assim que possível“.
O nível de dependência dos húngaros face ao petróleo russo fez com que os responsáveis do país temessem que “algum acidente” na estrutura que atravessa a Ucrânia resultasse num corte do abastecimento.
Assim, a Hungria poderá continuar a comprar petróleo russo sem que tal seja considerado uma violação das sanções — com a mesma exceção a ser aplicada à República Checa e à Eslováquia.
Mesmo com esta alínea temporária, no final do ano, quando a Polónia e a Alemanha deixarem de receber o petróleo russo, o corte será de 90%.
Em 2021, Moscovo recebeu 88 mil milhões de euros da UE e do Reino Unido com o negócio do petróleo. A perda anual é então estimada em 79 mil milhões de euros.
Tendo em conta estas previsões de valores, o chefe da diplomacia europeia Josep Borrell considera que o acordo chegou “tarde” mas é “razoável”.
Mikhail Krutikhin, especialista em assuntos energéticos, referiu em entrevista à Deutsche Welle que a Rússia não conseguiria compensar as perdas com vendas à China e à Índia — estima “uma perda de receitas global de pelo menos 25%”.
O próprio ex-presidente russo Dmitri Medvedev declarou também que este sexto pacote de sanções se destinava “precisamente contra o povo da Rússia”.
O atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia afirma que os embargos ao petróleo e gás russos pretendem forçar o governo a decretar cortes e “forçar o Estado a abandonar as suas obrigações sociais”. “A base destas decisões é o ódio pela Rússia, pelos russos e por todos os seus habitantes”, atirou.
Para além do embargo ao petróleo russo, a última ronda de sanções inclui medidas como a exclusão de mais três bancos russos no sistema internacional de pagamentos SWIFT, incluindo o maior do país — Sberbank.
Outro dos temas discutido pelos representantes dos 27 foi o reforço do apoio financeiro à Ucrânia, na ordem de nove mil milhões de euros até ao final do ano.
O presidente francês Emmanuel Macron realçou ter proposto a Vladimir Putin uma resolução na ONU para que a Rússia levantasse o bloqueio ao porto de Odessa.
Já o presidente do Senegal e em exercício da União Africana Macky Sall chamou a atenção para o “cenário catastrófico” do continente africano, caso os cereais não sejam escoados da Ucrânia.
“É uma completa desinformação por parte da Rússia. A única razão pela qual estamos face a uma crise alimentar é devido a esta guerra brutal e injustificada contra a Ucrânia”, concordou Ursula von der Leyen.