Alunos do Norte têm mais sucesso do que os do Baixo Alentejo, Grande Lisboa e Algarve

Antoninho Perri / Unicamp

Há também cada vez mais alunos de famílias carenciadas a concluir os estudos e as assimetrias socioeconómicas estão a diminuir. Braga é o município do país onde mais alunos concluem os ciclos de ensino sem chumbos ou abandonos.

O relatório “Resultados Escolares: Sucesso e Equidade”, da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), revelou mais dados sobre o insucesso escolar e quais as regiões mais afectadas.

Um em cada três estudantes não consegue cumprir o ensino secundário sem chumbos ou abandonos. Apesar do valor continuar elevado, tem vindo a descer, com a taxa de conclusão do secundário no tempo esperado a subir de 57% em 2018 para 67% em 2020.

Em 2020, 89% das crianças concluíram o 1.º ciclo sem chumbos, 95% fizeram o mesmo no 2.º ciclo, 86% passaram pelo 3.º ciclo e 65% também concluíram os cursos profissionais no secundário dentro do tempo esperado.

Os alunos que beneficiam da acção social escolar e que pertencem a famílias com maiores dificuldades económicas continuam a ter mais insucesso escolar, mas esta tendência tem vindo a melhorar. Em 2018, pouco mais de metade dos alunos carenciados (52%) concluiu o secundário nos três anos, enquanto que em 2020 a percentagem subiu para 62%.

As raparigas continuam a ser melhores alunas do que os rapazes e esta diferença é particularmente notória no ensino secundário, mas o fosso entre os sexos também tem vindo a diminuir, revela o Expresso.

As taxas de conclusão dos vários ciclos de ensino melhoraram em 2020, o que pode parecer contra-intuitivo dado ter sido o primeiro ano de pandemia e de ensino à distância, mas o Ministro da Educação, João Costa, lembra que a prioridade foi a l”recuperação e não a penalização”, como no caso das alterações das regras dos exames nacionais, que deixaram de contar para a média de conclusão do secundário.

A nível das regiões do país, Baixo Alentejo, Algarve e Área Metropolitana de Lisboa são, geralmente, as que têm taxas mais baixas de conclusão de um ciclo de ensino no tempo esperado. Já no Norte, nomeadamente no Alto Minho, Ave e Tâmega e Sousa, há mais alunos a concluir os ciclos de ensino sem chumbos.

O município que está no topo desta lista é Braga. Do outro extremo da tabela surgem vários municípios da Área Metropolitana de Lisboa, como Almada, Loures, Amadora ou Sintra, no caso do ensino secundário.

Já no plano socioeconómico, não há nenhum padrão que aponte para uma região específica como sendo melhor a reduzir as assimetrias nos resultados dos alunos de acordo com os rendimentos das suas famílias. Mesmo assim, há algumas indicações de que o Norte Litoral tem mais sucesso neste aspecto do que Trás-os-Montes, a Beira Baixa ou o Baixo Alentejo.

As dificuldades nas provas de aferição

Os efeitos da pandemia também se notam nos resultados das provas de aferição, com os resultados de 2021 a serem, em média, piores do que os conseguidos em 2019. Matemática no 8.º ano e Português no 5.º foram as disciplinas mais afectadas.

Estas conclusões partem dos dados provisórios do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), que já divulgou uma análise quantitativa e que vai publicar um relatório com uma análise qualitativa em Setembro.

As provas de aferição realizam-se no 2.º, 5.º e 8.º anos e não pesam na avaliação afinal. Em 2021, as provas foram realizadas apenas por uma amostra de 49 mil alunos, mas em 2022 voltaram a ser obrigatórias para todos os alunos e estão neste momento ainda a decorrer.

As provas de Português do 2.º ano deixam claras as dificuldades das crianças em “interpretar contextos” e a “relacionar ideias e informações”, cita o Expresso. Um exemplo disso é um exercício onde os alunos tinham de ler um texto e explicar a razão para o gafanhoto não ter voltado à relva. 18% dos alunos deixou o exercício em branco, mais de metade erraram e apenas 7,8% responderam sem qualquer erro.

Dois em cada três alunos também não conseguiram identificar as classes de palavras em frases simples e notam-se falhas na capacidade de escrita, com um quarto a escrever com “repetições e lacunas geradoras de ruturas”. Sobressaem ainda muitas falhas na pontuação e no uso adequado do vocabulário.

Na prova de Inglês do 5.º ano, nota-se uma grande assimetria entre a parte escrita e a parte oral, com a primeira a ser muito mais difícil para os alunos do que a segunda, com médias respectivas de 48% e 68%. O verbo “to be” (ser) é um dos mais básicos e importantes no inglês, mas apenas 43% dos estudantes o conseguiu conjugar no presente sem erros.

Já no 8.º ano, os alunos tiveram muitas dificuldades nos exercícios que implicavam “racionar/criar” na prova de Matemática e mais de 80% erraram nestas tarefas, o que se traduz numa quebra de 17 pontos em relação a 2018. 94% dos alunos tiveram dificuldades nos exercícios sobre organização e tratamento de dados e 65% dos estudantes erraram na aplicação do Teorema de Pitágoras.

Adriana Peixoto, ZAP //

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