O Presidente dos Estados Unidos e a primeira-dama visitaram a localidade no Texas que foi o palco do tiroteio em massa numa escola primária. Os residentes presentes apelaram a leis mais apertadas para a compra de armas, mas o impasse causado pelos Republicanos no Senado não dá sinais de recuo.
Joe Biden e a esposa, Jill Biden, visitaram este domingo a localidade de Uvalde, no Texas, onde teve lugar o tiroteio na escola primária que tirou a vida a 21 pessoas, sendo 19 destas crianças.
Esta é já a segunda visita presidencial relacionada com um massacre em apenas duas semanas, depois de o Presidente dos Estados Unidos e da primeira-dama terem ido a Buffalo, em Nova Iorque, onde um jovem também de 18 anos, tal como o autor do tiroteio em Uvalde, matou 10 pessoas num ataque com motivações racistas.
O casal presidencial fez um tributo às vítimas e deixou flores no memorial improvisado criado em torno da escola. Biden estava visivelmente emocionado.
Os incidentes nas últimas semanas têm suscitado novamente o velho debate sobre a violência nos EUA e o controlo mais restrito à compra e posse de armas no país. Um grupo de pessoas esperava por Biden e aplaudiu a sua chegada, mas também se ouviram apelos à mudança.
“Por favor, ajudem-nos! As nossas crianças não estão seguras“, gritou Ben Gonzalez, um dos residentes de Uvalde presente na chegada de Biden. “Não sou um activista das armas e também não sou contra as armas completamente, eu tenho uma arma para proteger a minha família, mas tem de haver um meio-termo onde nos possamos encontrar”, revela à estação televisiva de Dallas WFAA.
Já a recepção a Greg Abbott foi menos calorosa. O Governador do Texas, que é Republicano e um defensor das leis mais relaxadas sobre o porte de armas, foi apupado na chegada a Uvalde. Abbott tinha até agendada uma intervenção na convenção da Associação Nacional de Armas (NRA) em Dallas, no Texas, este fim-de-semana, mas cancelou-a após as críticas.
“Devia ter vergonha, Abbott”, gritou um dos presentes. “Precisamos de ajuda, Governador Abbott”, disse outro.
Biden e a esposa foram depois à missa na igreja católica local, sem comentar publicamente a visita. À saída da igreja, alguém gritou para que Biden ouvisse: “façam alguma coisa!”, ao que o chefe de Estado respondeu “vamos fazer”.
O Presidente também não se pronunciou sobre a resposta da polícia, que tem sido muito criticada pela sua lentidão. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos afirmou que vai reavaliar a resposta das forças de segurança ao tiroteio.
O porta-voz do departamento, Anthony Coley, disse que a avaliação será feita de uma forma justa, imparcial e independente e que as conclusões serão tornadas públicas.
A avaliação está a ser conduzida a pedido do presidente da Câmara de Uvalde. As autoridades revelaram na sexta-feira que os estudantes e os professores suplicaram por ajuda aos operadores telefónicos dos serviços de emergência, tendo o comandante da polícia local pedido aos agentes para esperarem num corredor.
O atirador só foi abatido porque a polícia da fronteira desafiou as ordens da força local e entrou na sala, já mais de uma hora depois do tiroteio ter começado. Os protocolos para os tiroteios em massa ditam que a polícia deve agir o mais rápido possível para prevenir mais mortes e a maioria destes incidentes não dura mais que cinco minutos.
“Há algo a morrer na alma deste país”
Os tiroteios das últimas semanas têm causado ondas na opinião pública, que tem pressionado os responsáveis políticos a agir na reforma às leis das armas. Este domingo, o Senador Democrata Chris Murphy, afirmou que foram abertas negociações com os Republicanos neste sentido.
Murphy, que está a liderar as conversas, representa o Connecticut, estado que também sofreu um dos tiroteios mais sangrentos dos últimos anos nos Estados Unidos em 2012, na escola primária de Sandy Hook, onde morreram 28 pessoas.
“Acho que há algo a morrer na alma deste país quando nos recusamos a agir a nível nacional, tiroteio após tiroteio. Acho que agora os pais e as crianças neste país estão desesperados para que façamos alguma coisa. Estão aterrorizados, estão ansiosos e nós só vamos piorar isso se não fizermos nada”, revelou à CBS.
O Senador revela que este é o momento desde a tragédia em Sandy Hook em que tem sentido mais abertura por parte dos Republicanos. Há já várias propostas em cima da mesa, incluindo uma expansão nacional às verificações de antecedentes aos interessados em comprar armas e a adopção de leis “bandeira vermelha”, que dariam o poder à polícia de apreender as armas a pessoas que sejam sinalizadas como riscos para a segurança pública.
Durante a sua participação no funeral das 10 vítimas do tiroteio em Buffalo, Kamala Harris, a vice de Biden, também deixou apelos à proibição de venda de armas do estilo militar, como AR-15 ou AK-47, aos cidadãos comuns.
No entanto, ainda não há sinais de grande progresso nas negociações devido ao poderio do lobby da NRA nos corredores políticos dos Estados Unidos, que faz doações para as campanhas eleitorais dos Congressistas e Senadores.
A influência do lobby é particularmente notória no Partido Republicano. Esta semana, o The New York Times contactou todos os 50 Senadores Republicanos e questionou-os sobre a sua posição em relação reforma à lei das armas e apenas cinco se mostraram disponíveis nesse sentido.
É incrível como um país tão desenvolvido em tanta coisa é tão atrasado em outras. Nem no Terceiro Mundo há tamanha libertinagem no acesso a armas nem tamanha proporção de armas por habitante. Essas armas automáticas que abundam nas casas dos americanos só fazem falta na Ucrânia. Os políticos do Partido Republicano deviam ter vergonha.
Vergonha devia ter alguém a comentar sobre armas quando nem sabe que é PROIBIDO vender armas automáticas no EUA. Aliás, o mais certo é que nem sabe o que é uma arma automática.
É triste!
Claro, isso é que é triste… já a morte de (mais) 20 crianças às mãos de mais um louco é uma alegria!…
Legais ou não, não faltam armas automáticas nas casas de muitos americanos.
Vejam quantas mortes são provocadas em acidentes rodoviários envolvendo bêbados… Proponho a proibição da venda e consumo de álcool – lei seca e de automóveis, bicicletas, skates, scooters e patins!