Comunicado tentou contrariar a notícia avançada ontem pelo Jornal de Notícias que fazia referência ao fim de cinco rotas e 705 mil lugares a partir do aeroporto do Porto.
A TAP afirmou ontem que duplicou o número de voos a partir do Porto face ao ano passado — quando a companhia tinha as operações reduzidas como consequência da pandemia da covid-19 —, um reforço que entrou em vigor este mês e que se manterá até ao fim do Verão.
O anúncio foi feito num comunicado, divulgado no mesmo dia em que se ficou a saber que, face ao Verão de 2019, a TAP vai operar menos sete rotas e oferecer menos 705 mil lugares a partir do Aeroporto Francisco Sá Carneiro. A notícia motivou críticas do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e de vários partidos.
Sem comentar a redução do número de rotas face a 2019, a companhia aérea informou que “a TAP duplicou o número de voos a partir do Porto face ao ano passado (subida de 98%)”, acrescentando que “esta estratégia de reforço entrou em vigor já em Abril e manter-se-á até ao fim do verão deste ano”.
Segundo realçou a TAP, “o crescimento agora registado dá seguimento à estratégia de recuperação da companhia aérea a partir do Porto, que já no Inverno 2021/22 tinha crescido 122% face ao inverno anterior” — também marcado pelo impacto da pandemia no setor da aviação.
“Com a recuperação do tráfego aéreo, a TAP tem vindo a investir cada vez mais no aeroporto Francisco Sá Carneiro”, disse a companhia aérea. A TAP sublinhou ainda que “é a única companhia aérea a efetuar ligações transatlânticas a partir do Porto, transportando para o norte do país passageiros do Brasil (Rio de Janeiro e S. Paulo) e dos Estados Unidos da América (Nova Iorque)”.
“Este investimento ímpar de uma companhia aérea no Porto reflete-se em duas ligações para o Rio, três para S. Paulo e duas para Nova Iorque, todas as semanas”, referiu a empresa.
De acordo com a informação, a TAP voa 14 vezes por semana para o Funchal, 14 vezes para Londres e 21 para Paris e voa ainda quatro vezes para Genebra e Luxemburgo e três vezes para Zurique e Ponta Delgada. Contam-se ainda 70 ligações semanais a Lisboa, acrescentou a companhia aérea.
Segundo o Jornal de Notícias, face ao Verão de 2019 a TAP vai operar menos sete rotas e oferecer menos 705 mil lugares a partir do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, ao contrário das principais companhias internacionais que reforçam a presença a partir do Porto.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, acusou o Governo de querer transformar a TAP numa “companhia regional” para servir o hub de Lisboa e a transportadora de “abandonar mais uma vez” o aeroporto Francisco Sá Carneiro.
Em declarações à Lusa, Rui Moreira considerou “péssimo para a região” a diminuição de rotas da TAP a partir do Porto, considerando que é “tempo de juntar esforços” e lançou o repto ao PS/Porto para que “puxe dos galões” e diga se é ou não cúmplice da opção da TAP de diminuir a presença no Norte do país.
Para o autarca portuense, os portugueses têm que pensar “se se sentem bem” em “pagar a factura” para que o Governo transforme a TAP numa “companhia regional” para servir Lisboa, lembrando o custo para o erário público que a transportadora aérea representa.
Também o presidente da Distrital do PSD do Porto, Alberto Machado, afirmou ser “completamente inconcebível” a estratégia da TAP para o Aeroporto Sá Carneiro, acusando a transportadora de “concentrar a atividade quase em exclusivo” em Lisboa. Alberto Machado considerou que a TAP está a “abandonar as comunidades portuguesas” com ligação ao Norte ao deixar de operar do Porto para cidades como Zurique ou Bruxelas, criando “portugueses de primeira e portugueses de segunda” pelo que “já não serve a Portugal”.
Já o BE, através do deputado eleito pelo Porto, José Soeiro, acusou a TAP de querer transformar o aeroporto Francisco Sá Carneiro “numa espécie de apeadeiro” de ligação a Lisboa, estando a seguir uma “estratégia de menorização” daquela infra-estrutura.
Por seu lado, Jaime Toga, do PCP, considerou “profundamente negativo” para o Norte e para o país a anunciada redução da operação da TAP no Aeroporto Francisco Sá Carneiro.
Do lado dos socialistas, o presidente da Federação do Porto do PS, Manuel Pizarro, pediu moderação na reação à redução da operação da TAP, apelando à unidade no diálogo com o Governo. Em declarações à Lusa, o dirigente socialista fez um ponto prévio para marcar que o “PS/Porto é a favor da recuperação da TAP e lutará intransigentemente pela natureza nacional da companhia, o que implica, naturalmente, uma presença maior no aeroporto Sá Carneiro”.
Pizarro disse, contudo, que os socialistas do Porto “não estão satisfeitos” com a presença atual da TAP no aeroporto.