A tecnologia das máquinas de tatuar pode ser útil para produzir vacinas mais eficazes e com maior resistência à temperatura.
Se há coisa que provavelmente nunca pensaríamos que pudesse ajudar a revolucionar a vacinação é uma máquina de tatuar. No entanto, uma equipa de investigadores sugere o contrário.
Regra geral, todos saberemos como funciona uma vacina normal: o conteúdo é carregado na seringa, perfura-se a pele e, de seguida, pressiona-se o êmbolo para empurrar o líquido através da agulha para dentro do corpo.
As máquinas de tatuar introduzem tinta dentro da nossa pele de uma forma diferente. Ao contrário das vacinas, estas máquinas não injetam a tinta.
Em vez disso, o tatuador mergulha as agulhas na tinta e, quando as agulhas perfuram a pele, criam pequenos orifícios. Quando as agulhas sobem, a tinta é puxada para dentro dos orifícios através de sucção.
Num encontro da American Physical Society, realizado este mês, a engenheira química Idera Lawal apresentou um vídeo a demonstrar o potencial desta tecnologia nas vacinas.
Assim, como explica o portal Freethink, o mecanismo usado nas máquinas de tatuar pode tornar mais fácil para os médicos administrar vacinas de ADN.
As vacinas de ADN ensinam o corpo a produzir uma proteína a partir de um certo vírus ou bactéria, que leva o sistema imunitário a criar anticorpos para esse patógeno.
É também desta forma que funcionam as vacinas de mRNA contra a covid-19. A única diferença é que estas usam RNA mensageiro para transmitir a informação genética, enquanto as vacinas de ADN usam… ADN.
A questão é que o ADN é mais estável e robusto do que o RNA. Isto faz com que as vacinas aguentem temperaturas mais altas e sejam mais fáceis de distribuir. Em contrapartida, as vacinas de ADN normalmente são menos potentes do que as vacinas com RNA.
Mas os cientistas tentaram administrar vacinas usando uma máquina de tatuar e, em estudos com ratos e primatas, a abordagem foi mais eficaz na promoção de uma resposta imune do que a habitual injeção.