Petróleo baixa, mas combustíveis voltam a subir. Encher o depósito custa 8% do salário

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Os últimos dados da ENSE dão conta de que o preço médio de venda ao público da gasolina simples poderá ascender aos 2,069 euros por litro, enquanto o do gasóleo deve subir para 2,026 euros. Entretanto, o preço do petróleo baixou.

De acordo com o Jornal de Notícias, Portugal está entre os países onde atestar um depósito com 50 litros de gasolina ou gasóleo representa maior esforço, tendo em conta o salário líquido médio do país – 8%.

O diário avança que Grécia, República Checa, Bulgária, Roménia, Croácia, Letónia, Lituânia e Hungria são os países europeus onde atestar o depósito representa uma grossa fatia do salário médio e uma taxa de esforço igual ou superior à de Portugal.

Chipre, Malta ou a Eslovénia, países com um salário líquido semelhante ao português, conseguem ter taxas de esforço de apenas 4% (Chipre e Malya) e 6% (Eslovénia).

O salário líquido médio em Portugal é de cerca de 1200 euros. Esta quantia é encurtada em 8% de cada vez que um cidadão enche 50 litros de gasolina ou de gasóleo, ao preço médio da segunda-feira passada. Com o salário mínimo, a taxa de esforço sobe para 12,5%.

Preço do petróleo baixou

A evolução do preço do barril de petróleo nos últimos dias inverteu a tendência de subida registada desde a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Depois de várias semanas em alta, o preço do petróleo atingiu um pico no dia 8 de março (132,11 dólares), tendo desde então vindo a descer. Esta segunda-feira, está a transacionar abaixo dos 110 dólares por barril.

À hora desta edição, o preço do barril de Brent está em 108,67 dólares, valor semelhante ao de dia 2 deste mês, e que corresponde a uma quebra de 18% no preço desde o dia 8.

Também a cotação do gás natural está a recuar mais de 10% na Europa, para 117,25 euros por MWh. É menos de metade do valor recorde atingido há uma semana, quanto tocou nos 345 euros por MWh, realça o ECO. Nos últimos cinco dias, a queda acumulada é de 35,33%.

Gasóleo sobe mais de 13 cêntimos, gasolina 9

A comparação teve por base os preços praticados a 7 de março. Esta semana, o preço por litro do gasóleo deverá subir 13,6 cêntimos e o da gasolina 9,3 cêntimos, segundo contas feitas pela Lusa com base nos números fornecidos pelo Governo para a redução do ISP.

Tendo em conta que na sexta-feira, segundo o boletim diário da ENSE – Entidade Nacional para o Setor Energético, o preço médio de venda ao público (PVP) era de 1,976 euros/litro na gasolina 95 simples, o preço nas bombas subirá para 2,069 euros e o do gasóleo simples baterá os dois euros (2,026 euros/litro), tendo em conta que na sexta-feira o PVP era de 1,89 euros/litro.

Já se considerarmos os dados da Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG), com que o Governo trabalhou o cenário de evolução dos preços dos combustíveis, o gasóleo simples subirá até aos 1,973 euros por litros – da média de 1,837 euros/litro na sexta-feira –, e a gasolina 95 simples aos 2,032 euros/litro (1,939 euros por litro na sexta-feira).

Considerando a evolução nos mercados das cotações dos produtos petrolíferos e dos produtos refinados, o Governo assumiu que o preço de venda ao público do litro de gasóleo aumentaria em 16 cêntimos e o da gasolina em 11 cêntimos.

E, perante este pressuposto, foi feita a estimativa de acréscimo da receita do IVA devido ao novo agravamento dos preços dos combustíveis e definida a redução, em igual montante, do lado do Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP), de forma a travar o aumento do preço pago pelos consumidores.

“Assumindo o pressuposto de que na próxima semana poderá haver um aumento nas bombas de 16 cêntimos por litro de gasóleo e de 11 cêntimos por litro de gasolina, tal traduz-se num potencial de aumento de receita em IVA de 2,4 cêntimos por litro de gasóleo e 1,7 cêntimos por litro de gasolina”, referiu na sexta-feira o secretário de Estado dos Assuntos Ficais, António Mendonça Mendes.

“É este valor que é integralmente refletido na diminuição [do ISP] que determinamos hoje e que entra em vigor na próxima segunda-feira”, acrescentou.

Na prática, o aumento sentido pelos consumidores esta semana será efetivamente de 13,6 cêntimos no gasóleo (ou seja, os 16 cêntimos deduzidos da redução de 2,4 cêntimos no ISP) e 9,3 cêntimos na gasolina (11 cêntimos deduzidos da redução de 1,7 cêntimos no ISP).

Em causa está um mecanismo de compensação através do qual o Governo reduz na taxa fixa do ISP o acréscimo de receita obtida por via do IVA para mitigar o aumento dos preços dos combustíveis, que se tem intensificado com a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Esta medida soma-se a uma outra que está em vigor desde outubro e que consiste na redução do ISP em dois cêntimos no litro de gasolina e em um cêntimo no do gasóleo e que desde então já permitiu às famílias e empresas uma poupança de 38 milhões de euros.

Na conferência de imprensa, António Mendonça Mendes referiu que a experiência indica que as descidas no ISP tendem a ser no tempo diluídas nas margens das gasolineiras: “Sabemos que o ISP não é o instrumento mais eficaz porque ele não dá a certeza absoluta de repercussão no preço”, disse o governante.

Ainda assim, manifestou confiança de que no atual contexto de dificuldade haverá responsabilidade social por parte de todos os agentes.

ZAP // Lusa

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30 Comments

  1. Petróleo sobe – Gasolina sobe
    Petróleo desce – Gasolina sobe
    Faz sol – Gasolina sobe
    Faz chuva – Gasolina sobe.
    Esta extorsão da Galp aos portugueses é escandalosa, e o Governo ainda compactua com isto com Autovaucher em vez de regular os preços e fiscalizar a concorrência.
    Será esta a lição que o António Costa prometeu à Galp?

      • Falei na Galp porque é a Galp que estabelece o preço base. As outras marcas apenas definem (combinam) as suas margens.
        Gostava que algum meio de comunicação ganhasse coragem e esclarecesse a que preço vende a Galp a gasolina em Espanha, onde existe real concorrência. Certamente seria esclarecedor

        • A Galp estabelece o quê??
          A BP, Repsol, Cepsa, Prio, etc, agora dependem da Galp??

          Eu defendo uma carga fiscal nos combustíveis igual à de Espanha; assim já iriamos perceber se o problema são os impostos ou o “mercado”!…

          • O Eu! conhece muitas refinarias da BP, Repsol e Prio em Portugal?
            Em Portugal existem duas refinarias, ambas pertencentes à Galp, logo, a Galp é a única produtora de gasolina, gasóleo e GPL em Portugal.
            Portanto, se existe apenas um fornecedor, se este vender a gasolina e gasóleo a preços caros, não serão a BP a Repsol e a Prio a revendê-la depois a preços baratos. Isto para mim parece-me óbvio.
            Não adianta defender baixas nos impostos ou outras medidas se não sabe como funciona o mercado dos combustíveis

          • Agora só há uma refinaria de combustíveis em Portugal (em Sines, da Petrogal – que pertence à Galp) e já percebi onde queres chegar.
            Mas, a Galp ser o único produtor/vendedor (não é porque há combustível vindo de Espanha e também há muito combustível exportado pela Galp/Petrogal – até também para Espanha), não é sinónimo de preços de venda exactamente iguais, porque o Intermarche, Aucham, etc compram combustíveis à Petrogal e vendem muito mais barato do que os postos da Galp!

            A questão é que é muitas vezes referido nos media que os combustíveis até são mais baratos em Portugal antes de impostos – daí eu sugerir igualar a carga fiscal a Espanha, para podermos comprovar como o mercado funciona.

            Acho que assim haveria alguma tendência para se praticarem preços semelhantes e as empresas de transportes, etc – além dos habitantes perto das fronteiras – deixariam de ir a Espanha abastecer.

  2. É esta fórmula que o governo tem de acertar. A indexação do preço dos combustíveis ao custo da matéria prima tem de ser uma constante. A fórmula atual está a fazer com que o preço dos combustíveis suba com a simples expetativa da subida do preço da matéria prima (nem é com a subida real, é logo com a expetativa, que é algo subjetivo e especulativo, basta haver uma notícia).
    Mas a descida do preço dos combustíveis em virtude de uma descida do preço da matéria prima só acontece muito depois de uma descida real.
    É uma desvirtualização do processo, ou mais curriqueiramente, é uma aldrabice, uma chica-epertalhice, e os sucessivos governos que temos tido sabem disto e não intervêm porque está muita gente comprada.

    • Tal como acontece com outros produtos (ouro, trigo, açúcar, etc, etc), o gasóleo e a gasolina são cotados internacionalmente e a sua cotação não está directamente ligada a cotação do petróleo (brent).
      São os “mercados” que decidem a sua cotação e os governos nada podem fazer relativamente a isso!

  3. Digam-me lá qual é a fonte em que se baseiam para afirmar que em média os portugueses levam para casa “1200” euros/Mês limpos?

  4. É fundamental o preço dos combustíveis baixar.
    É escandaloso e injustificado o preço a que está o combustível para quem trabalha.
    As empresas nem sequer têm acesso às migalhas do autovoucher, que nem sequer pode ser aplicado às empresas. O gasóleo (combustível maioritariamente utilizado no contexto profissional), está praticamente ao preço da gasolina, quando historicamente tinha um preço substancialmente mais baixo.
    Muitas empresas para trabalhar fazem muitos quilómetros diários, e não me refiro só às empresas de transporte ou aos taxis.
    O Costa e o seu governo demonstram total insensibilidade e incompetência perante a realidade das empresas.
    O Costa não tem capacidade para governar Portugal. Se não resolve, vá-se embora e deixe o lugar para quem é capaz.

    • Agora o Costa vende combustível (ou fixa o seu preço)??

      E o gasóleo não deveria ser mais barato que a gasolina; quando muito, deveriam ter o mesmo preço!…

      De qualquer modo, a carga fiscal dos combustíveis em Portugal deveria ser igual à de Espanha.

  5. Quem acredita não ser gado para os ricos comerem, ou está a enganar-se a si próprio, ou é um deles. Dividir para conquistar, é a arma que usam desde sempre.

  6. Quando da ultima crise petrolífera em 2008, o crude chegou aos 147 dólares o barril, o preço do gasóleo, nunca ultrapassou o 1, 45 euros, mesmo nas bombas de marca..
    Quando os preços do crude subiram, dizem que por causa da guerra, o combustível armazenado foi ainda comprado a preços mais baixos, mas houve um aproveitamento total (como de costume) das petrolíferas.
    Nos Açores apenas sobem os preços 1 vez por mês, e têm o combustível mais barato, actualmente.
    Temos um país a duas mãos…
    Caso para dizer, que a situação está bastante explosiva, não por causa dos barris de pólvora, mas por causa dos barris de petróleo.

    • A cotação do gasóleo e da gasolina são independentes da cotação do petróleo (brent, no mercado europeu).
      Nos Açores o mercado dos combustíveis é regulado.

  7. Toda esta pouca vergonha só é possível porque nós ( a grande maioria dos portugueses, nos quais me incluo) não passamos de uns “mansos”. Presto a minha homenagem aos coletes amarelos e outros iguais e que pena não termos cá outros como eles.

  8. A guerra assenta como uma luva para os oportunistas engordarem ainda mais! Pior ainda quando têm a colaboração de governos que, na prática, servem-se do mesmo sistema!

  9. Pouco há a acrescentar perante os comentários anteriores.
    Por conhecimento direto, dado que estou ainda ligado a indústria dos hidrocarbonetos, agora apenas por receber diretamente artigos técnicos sobre a indústria petrolífera, e ao longo dos últimos 12 anos, as empresas que operam na extracção dos (combustíveis fósseis), tem andado a desmontar plataformas de extração, não só por segurança, mas, com as válvulas de segurança fechadas para manter reservas e, assim, manterem certas as reservas para não baixarem o preço.
    Complementem com estas dicas a vergonha ou a sua ausência por parte das empresas dos hidrocarbonetos.

  10. Não resolve tudo, mas os postos de gasolina só deveriam alterar o preço na mesma quando são reabastecidos pelo camiões cisterna e desde que esse reabastecimento fosse superior a 60% da quantidade de gasolina que tem nos respectivos tanques.
    Tal como acontece com o tabaco, so quando o tabaco tem o novo selo de preço é que eu pago o novo valor, nao é dizer que o tabaco aumentou e o tabaco que esta com o selo de 4.5€ passa a ser comprado a 4.70…

    • O preço do tabaco é regulado; os dos combustíveis não…
      Ainda me lembro de ver o Durão Barroso dizer que a liberalização dos preços dos combustíveis iria fazer baixar os preços (até essa altura os preços eram equivalentes ou mais baratos do que em Espanha); o resultado foi o que se viu…

      • sim o tabaco é regulado, mas o principio de, nao se pode alterar o preço da gasolina na bomba enquanto nao de reabastecer o posto com a nova gasolina devia ser o mesmo.
        O mesmo se passa nos hipers, nao se pode colocar um valor superior em cima de um produto exposto na prateleira ja com um preço.

        • Não deveriam, mas tal como os supermercados fazem regularmente, os postos de combustível podem alterar os preços quando lhes apetecer!

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