Emergência alimentar à vista. Produtores admitem racionamento de alimentos

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Portugal está à beira de uma emergência alimentar, com os produtores a admitirem o racionamento de alimentos face à subida dos preços das matérias-primas.

A seca e a escalada de preços na energia e nos combustíveis já fazia prever um aumento do preço dos alimentos. A guerra entre Rússia e Ucrânia só veio piorar as perspetivas.

Os produtores temem que esta subida de custos das matérias-primas possa causar uma escassez que obrigará à imposição de racionamentos em Portugal.

No retalho, a venda de óleo de girassol — necessário para as conservas — já está a ser restringida, escreve o Expresso. Além disso, os animais para consumo humano só têm ração até abril.

“Estamos numa situação de emergência alimentar como não me lembro de se ter vivido”, alerta o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Eduardo Oliveira e Sousa, citado pelo semanário.

“O stock de alguns produtos, como a farinha para massas, é tão reduzido que daqui a um ou dois meses podemos ter de fazer racionamentos como aconteceu nos anos 70”, admite o presidente da CAP.

As subidas de preços vão começar a fazer-se sentir a partir da próxima semana e o diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca, Pedro Pimentel, diz que “podemos ter no retalho um cenário idêntico às filas nas gasolineiras”.

A carne de porco deverá subir já nos próximos dias €0,40 por quilo, ou seja, mais 30%. Os ovos vão registar uma subida imediata de 20% a 25% já na próxima semana. “Não temos alternativa”, diz Manuel Sobreiro, administrador da Companhia Avícola do Centro.

O preço do leite também vai aumentar, mas sem um valor exato estimado. Consequentemente, os derivados também registam uma escalada de preços.

As latas de atum em óleo vão ficar 25% mais caras e há risco de escassearem no mercado.

O preço de produtos sazonais, como tomate e outras hortícolas, também vai aumentar de 30% a 40%. O mesmo acontecerá em frutas, como o morango, detalha o Expresso.

Nos últimos dias, os anúncios de aumentos dos preços dos combustíveis surgem quase em catadupa. A guerra na Ucrânia está a lançar a economia mundial, e a portuguesa em particular, para uma estagnação económica e aumento de generalizado de preços.

O aumento dos preços dos combustíveis fez os portugueses sentirem, pela primeira vez, os impactos negativos da guerra na Ucrânia nas suas finanças pessoais. Mas é só o início: o aumento de custos vai chegar a toda a economia.

Para fazer face à subida das matérias-primas, é expectável que, por exemplo, o preço do pão e de outros produtos de panificação sofra um aumento nas próximas semanas.

Juntos, Rússia e Ucrânia são responsáveis por um quarto das exportações de trigo em todo o mundo, e o conflito entre ambos está a afetar a cadeia de fornecimento. Em África e no Médio Oriente, já falta pão.

A invasão russa da Ucrânia impulsionará ainda os preços da energia na Europa, segundo um estudo da empresa Euler Hermes, do grupo Allianz, que espera um aumento de pelo menos 30% na fatura energética em 2022.

Daniel Costa, ZAP //

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8 Comments

  1. Por um lado , é da maneira que vai tudo fazer um regimezito. já não vão ser precisas as nutricionistas, o pessoal vai deixar de comer e começar a emagrecer.

  2. Tudo isto com os cumprimentos do governo que teima em não reduzir imediatamente os impostos obscenos que cobra nos combustíveis. E com o aumento da base, vai arrecadar muito dinheiro à custa do poder de compra dos portugueses.
    PS: E não venham com histórias da tomada de posse. Afinal quando foi da pandemia tudo se fez com mais ou menos assembleia da república.

    • Com todas as associações e patrões a pedirem ajudas a fundo perdido, onde vais buscar o dinheiro. Pode haver alguma redução mas querer a gasolina ao preço da àgua, só na Venezuela que é a 0,02 cêntimos de dólar.
      O alarme do racionamento só faz haver açambarcamento e consequente aumento de preços.
      Ontem já havia post a dizer “não há fraldas, as prateleiras estão vazias, foram para a Ucrânia” isto para quê?.

  3. Isso para o INE não é nada, deve dar para aí 0.5% de taxa de inflação.
    O INE trabalha para o governo, debita números baixos para que o governo possa continuar a esconder da generalidade dos portugueses a velocidade a que estão a perder rendimentos, desta forma controlando a agitação social e os sindicatos.
    mas…
    Está tudo bem.
    Isto é só a ponta do icebergue, em breve teremos a inflação nos 20%, não falta muito.
    Estamos a empobrecer

  4. Temos de ver isto pelo lado positivo. Como estamos no sul da Europa não teremos de enfrentar o rigor de um inverno com temperaturas realmente baixas sem aquecimento … E temos certamente uma maior época de colheitas!

    Dentro de 10 anos seremos nós a acolher os miseráveis do norte da Europa!

    Um bravo novo mundo com certeza!

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