O BCP foi o único dos três bancos portugueses que chumbou no cenário mais adverso dos testes de ‘stress’ conduzidos pelo Banco Central Europeu e pela Autoridade Bancária Europeia, enquanto a CGD e o BPI tiveram nota positiva.
“No cenário adverso do teste de esforço, de improvável ocorrência, o rácio CET1, Common Equity Tier 1, projetado para o Banco Comercial Português para dezembro de 2016 fica aquém do valor de referência de 5,5%, tendo já a instituição identificado um conjunto de medidas para cobrir integralmente a diferença apurada”, realçou em comunicado o Banco de Portugal.
A entidade liderada por Carlos Costa acrescentou que as referidas medidas de correção “serão agora incorporadas no plano de capitalização a apresentar ao Banco Central Europeu [BCE] tal como previsto no exercício”.
O Banco de Portugal salientou ainda que “o cenário adverso do teste de esforço é particularmente gravoso, dado que o ponto de partida do exercício (dezembro de 2013) era muito desfavorável em resultado do desempenho negativo da economia portuguesa no passado recente”.
Além disso, no caso específico do BCP, acresce que o teste de esforço não permitiu “captar a globalidade da trajetória positiva decorrente da implementação do plano de reestruturação negociado com a Comissão Europeia”, vincou o supervisor bancário português.
BPI e CGD passaram testes
Quanto ao Banco BPI e à Caixa Geral de Depósitos (CGD), em ambos os casos o resultado da avaliação completa “permite concluir pela resiliência” dos bancos em ambos os cenários, sublinhou o Banco de Portugal.
Quanto à quarta instituição financeira portuguesa que também foi avaliada, inicialmente o Espírito Santo Financial Group (ESFG), que controlava o Banco Espírito Santo (BES), as mudanças entretanto ocorridas acabaram por deixar o agora Novo Banco de fora da divulgação de resultados.
“Na sequência da medida de resolução aplicad” ao BES, foi decidido excluir este o NovoBanco da presente divulgação de resultados, “dada a impossibilidade de concluir atempadamente o exercício para o Novo Banco”, assinalou o Banco de Portugal.
O BCE divulgou hoje os resultados das avaliações feitas a 130 bancos de 22 países europeus, entre os quais os portugueses CGD, BPI e BCP.
Às 11:00 (hora de Lisboa) foram conhecidos os resultados da avaliação à qualidade dos ativos dos bancos e dos testes de ‘stress’, num exercício feito em conjunto pelo BCE e pela Autoridade Bancária Europeia (EBA) com vista a avaliar a capacidade de resistência do setor perante uma crise económica e financeira.
Para passarem nos testes, os bancos devem dispor de um rácio de capital CET1 (rácio de capital que está a ser usado para medir a solvabilidade dos bancos) mínimo de 8% no cenário económico e financeiro base e de 5,5% no cenário adverso.
Resultado do BCP seria diferente se exame fosse feito agora
O presidente do Banco Comercial Português afirmou hoje que o banco passaria nos testes de ‘stress’ do BCE se os mesmos fossem feitos tendo em conta os dados actuais e não de Dezembro de 2013.
“Esse exercício foi feito com base em 2013. Se o exercício fosse feito agora, com base na evolução muito positiva que o banco fez, com base nas decisões que já tomámos em 2014 também, o resultado seria diferente e já estaríamos alinhados com o valor de referência definido pelo BCE”, declarou Nuno Amado, em declarações aos jornalistas esta manhã.
Banca espanhola “está estupenda”
O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, considerou hoje que os testes de solvência realizados à banca europeia demonstram que as entidades financeiras espanholas “estão estupendas e com capacidade para ajudar na recuperação do país”.
Segundo o Banco de Espanha (BdE) os bancos espanhóis superaram com “folga considerável”, de mais de dois pontos percentuais, o cenário mais adverso nos testes de solvência realizados pelo Banco Central Europeu (BCE) e para Autoridade Bancária Europeia (EBA).
Apenas uma entidade espanhola, o Liberbank, ficou abaixo do nível estabelecido numa das duas fases dos testes, ainda que o seu défice de capital seja reduzido, de apenas 32 milhões de euros.
Nove bancos italianos e três gregos chumbaram nos testes
Do total dos bancos que ‘chumbaram’, num cenário de deterioração dos indicadores económicos e financeiros, nove são bancos italianos, três gregos outros e três de Chipre.
O banco italiano em situação mais complicada é o histórico Banca Monte dei Paschi di Siena.
Segundo a EBA, os bancos gregos que ‘chumbaram’ – o Eurobank Ergasias, o National Bank of Greece e o Piraeus Bank – já têm planos de reestruturação aprovados pela Comissão Europeia.
Testes a 130 bancos detetaram falhas de capital de 25 milhões
A avaliação, que abrangeu 130 bancos da zona euro e incluiu a avaliação da qualidade dos ativos e testes de ‘stress’, detetou falhas de capital de 25 mil milhões de euros.
Apresentariam um rácio de capital abaixo do mínimo exigido um banco da Áustria, dois da Bélgica, um da Alemanha, um de França, dois da Irlanda e dois da Eslovénia, além do já conhecido português BCP.
Os quatro bancos ingleses avaliados pela EBA – Barclays, HSBC, Lloyds e Royal Bank of Scotland – passaram nos testes.
Segundo o BCE, que divulgou os resultados agregados, dos 25 bancos que chumbaram, 12 já cobriram as suas necessidades, depois de terem aumentado o capital em 15 mil milhões de euros já em 2014.
Os outros bancos têm agora de preparar planos de reforço de capital a serem apresentados no prazo de duas semanas e terão nove meses para colmataram as falhas detetadas.
ZAP / Lusa