“Boicote” à vista no Parlamento? Chega não prescinde de “vice” e Jerónimo deixa aviso

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Miguel A. Lopes / Lusa

André Ventura garantiu que o Chega não vai abdicar de ter um vice-presidente da Assembleia da República, por ter sido o terceiro partido mais votado nas legislativas. Jerónimo de Sousa já garantiu que o PCP não viabilizará o nome do partido de extrema-direita.

Não será com os votos do PCP que o Chega terá esse lugar institucional”, alertou o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa.

Como o terceiro partido com o maior número de deputados no Parlamento (12), o Chega pode indicar um deles para o cargo de vice-presidente da Assembleia da República (AR). Mas esse nome terá de ser aprovado por, no mínimo, 116 deputados do plenário.

Jerónimo de Sousa alerta já que não viabilizará o nome do Chega, mesmo sem saber quem será.

“Nenhum português compreenderia boicote”

André Ventura já assegurou que o Chega não vai abdicar de ter um vice-presidente da AR e salientou que “nenhum português compreenderia” que o Parlamento entrasse numa “maratona de votações” devido a um eventual “boicote” da esquerda, conforme declarações aos jornalistas.

“Quero acreditar que não passa de uma polémica de poeira“, apontou Ventura, garantindo que se o primeiro deputado indicado para o cargo for chumbado, o Chega avançará outros nomes até obter “luz verde” do plenário.

Ventura também assegurou que não será ele o primeiro nome indicado. “Procuraremos escolher um nome que seja uma garantia de que cumprirá as suas funções”, uma figura com “notoriedade e experiência”, salientou ainda.

“Se maioria de Esquerda fizer isto, mostra intolerância e estupidez”

O histórico do CDS José Ribeiro e Castro já comentou o eventual boicote a um vice-presidente do Chega na AR, considerando que “se os da maioria de esquerda fizerem isto, rompendo uma praxe parlamentar estabelecida desde sempre, mostram falta de espírito democrático, intolerância grotesca e sobretudo estupidez“.

“Nem o PCP no tempo da URSS foi objecto de uma exclusão tão burra“, apontou ainda Ribeiro e Castro numa publicação no Facebook.

Darão mais força a quem excluem. Serão responsáveis pelo mal que provocarem à democracia portuguesa”, acrescentou.

Rui Rio, líder do PSD, já comentou a questão, mas recusou-se a revelar se aprovará ou não o nome do Chega para vice-presidente da AR, alegando que ainda não sabe quem será o escolhido. “Terei de ver com atenção, porque deputado do Chega só havia um. Todos os outros ninguém conhece”, vincou.

Frazão é um dos candidatos ao lugar de “vice” da AR

André Ventura diz que será escolhido um nome com “notoriedade e experiência” como candidato ao papel de vice-presidente da AR. Nesse sentido, o nome de Pedro Frazão, eleito por Santarém e vice-presidente do Chega, é uma das fortes possibilidades.

Frazão, veterinário de formação, é, actualmente, vereador da oposição na Câmara de Santarém e já esteve envolvido em várias polémicas, a mais mediática das quais envolveu a ex-deputada Joacine Katar Moreira quando esta ainda tinha lugar no Parlamento.

O veterinário tirou uma foto na porta do gabinete de Katar Moreira no Parlamento, tapando com dois dedos as letras “lo” da palavra “Descolonizar” para passar a ler-se “Desconizar”. A imagem foi publicada nas suas redes sociais e originou uma queixa contra Frazão da Associação Portuguesa de Mulheres Juristas na Procuradoria-Geral da República.

Outro nome que é forte possibilidade ao lugar é o de Rui Paulo Sousa, eleito por Lisboa, presidente da Comissão de Ética do Chega e director de campanha do partido nestas legislativas. Empresário agrícola, ex-simpatizante do CDS e ex-dirigente do Partido Aliança em Santarém, foi acusado, nas redes sociais, de ter assediado jovens militantes do Chega quando estaria sob o efeito de álcool.

Bruno de Oliveira Nunes, eleito por Setúbal, é outro dos principais candidatos ao lugar. O consultor e ex-administrador de empresas é vereador do Chega na Câmara de Loures e ex-autarca eleito pelo PPM. O seu nome surge na Lista Pública de Execuções do Portal Citius com uma dívida de 3.935 euros, num processo extinto em 10 de Novembro de 2017 por “inexistência de bens”.

Há ainda Diogo Pacheco de Amorim, eleito pelo Porto e considerado o ideólogo do Chega. Contudo, não é certo que o homem que esteve sempre na sombra de Ventura deseje assumir um lugar de maior destaque.

Vogal da direcção do Chega, Pacheco de Amorim fez parte da “direita armada do Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP) em 1975” e terá estado envolvido em “atentados bombistas e assaltos a sedes de partidos e organizações de esquerda” no pós-25 de Abril, segundo uma reportagem da Visão.

A mesma revista também noticiou, em Setembro de 2021, que Pacheco de Amorim tinha o ordenado que recebia como assessor parlamentar de André Ventura penhorado por “dívidas antigas” a rondar os “15 mil euros”.

Entre os deputados eleitos pelo Chega estão ainda Pedro Soares Pinto, eleito por Faro, ex-CDS e Secretário-Geral Adjunto do Chega, e Rui Pedro Afonso, eleito pelo Porto, onde é líder da concelhia do partido e onde foi acusado de agressão a outros militantes.

Filipe Melo foi eleito deputado pelo Chega em Braga, é ex-CDS e está incluído na Lista Pública de Execuções devido a três processos e a um total de 80 mil euros em dívidas, como confirmou o Polígrafo.

Em declarações ao Correio da Manhã (CM), Filipe Melo sublinha que “ter dívidas não é crime”. “Eu devo e vou pagar”, acrescenta, notando que sempre tencionou “pagá-las”. “Fui condenado a fazer uma coisa que já tencionava fazer”, garante ainda.

Pedro Pessanha Fernandes, ex-dirigente do CDS, foi eleito por Lisboa. Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, denunciou-o, no Parlamento, alegando que “assessorou vários negócios do ex-BES Angola (BESA)”.

Na bancada parlamentar do Chega vão ainda sentar-se Jorge Galveias Rodrigues, eleito por Aveiro, Gabriel Mithá Ribeiro, ex-PSD, eleito por Leiria e vice-presidente do Chega, e Rita Matias, jovem de 23 anos eleita por Lisboa que é filha de um vogal da direcção do partido e que se assume como anti-feminista para melhor defender os direitos das mulheres.

Susana Valente, ZAP //

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10 Comments

  1. O Chega pode ter muitos defeitos (e tem, se tem!), mas tem pelo menos uma virtude: A de expor à luz do dia a espantosa incapacidade de tantos de distinguir o essencial.
    O essencial, gente, é a Liberdade.
    A imensa corte de gente Moralmente Superior que acha que as suas proibições são boas e as dos outros são más desgosta-me. E alerta-me para os perigos do meu optimismo acerca da espécie humana.
    Pessoas como o Rui Tavares, dum partido ironicamente chamado Livre que anseia por proibir outros partidos. Pessoas como a Ana Gomes e a Inês Pedrosa, desde sempre desejosas (e, pasme-se, com orgulho!) de proibir o Chega. E tantos outros que agora não recordo. E agora mais esta do Jerónimo de Sousa!
    Meus senhores, pensem nisto:
    A maneira de combater a Hipótese de fascismo (dos outros) não é Realizando o (nosso próprio) fascismo.
    Palavras não são fascismo. Actos, são.
    A maneira de defender a Liberdade não é acabando com ela.
    A Liberdade, precisamente por ser Livre, tem que ter espaço para coisas imundas das quais não se gosta mesmo nada. Proibir coisas imundas não é defender a Liberdade, é matá-la.
    Defender a Liberdade não é um acto. É um processo, contínuo, nunca terminado.
    A situação em que apenas os nossos amigos têm liberdade chama-se Ditadura.

  2. Esta visto que a extrema esquerda proclama que defende a democracia mas não sabe o que isso é. O prior é que se julgam donos do parlamento usufruindo ou rompendo com costumes conforme lhes dá jeito.

  3. Esta noticia é um elogio ao Chega, esta noticia mostra que estes senhores, são uns santos quando comparados com os do PS, presidente de camara condenado a 7 anos de cadeia por crime, ex 1º ministro com o maior processo de sempre por vários crimes, ministro e outros, suspeitos de ligações a roubo de armas num paiol, ministro que ainda poderá vir a ser condenado por crime depois da morte de 1 pessoa com a sua viatura,etc…São estas noticias que mostram de facto a diferênça deste partido em relação aos outros.

  4. E assim vamos, quando pensam que Ventura é extremista e ditador, outros bem piores se sobrepõem, mas, como pertencem ao sistema há muitos anos, tudo é desculpável e aceitável sem qualquer contestação…

    Democracia onde?

    Liberdade onde?

    Estão a criar pequenos monstros, tal a raiva que têm :/

    Quem vai continuar a pagar tudo isto?

    Os de sempre … :/

  5. O senhor Jerónimo fiel discípulo do comunismo soviético responsável por milhões de mortes e torturados, entre outros regimes comunistas, indignado com o CHEGA que até hoje ainda não percebi por que razão o tentam empurrar para um regime fascista.

  6. Cada um com pior curriculo q o outro. E quer o ventura alguem com ‘notoriedade e experiência ‘ ?? So se for notaveis e experientes com algum atraso mental. Só mm os ceguinhos e defensores da extrema direita é q defendem tais propostas. Ve -se cada comentario aqui q até dá dó.

  7. Concordo em absoluto consigo Claudia, isto são os “iluminados” deste país a mostrarem a sua alma democrática de, “pequenos monstros tal a raiva que têm”.
    Democracia não é propriamente pena de morte, racismo e outros, que alardeiam em proclamar.

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