Com uma maioria absoluta no bolso, Costa começa a repensar o perfil do novo Governo

Miguel A. Lopes / Lusa

António Costa

António Costa celebra maioria absoluta do PS nas legislativas de 2022

A maioria absoluta inesperada do PS está levar António Costa a repensar as escolhas que já tinha em mente para um Governo minoritário.

Com a conquista de uma maioria absoluta inesperada, os planos de António Costa sobre o perfil do seu próximo Governo mudaram, aponta o Público.

O grupo parlamentar socialista já não vai depender de mais nenhum partido para aprovar propostas e este ainda pode crescer mais quando forem apurados os votos dos círculos eleitorais dos emigrantes.

Apesar de ter prometido no seu discurso de vitória que ia dialogar com os outros partidos e que “a maioria absoluta não é poder absoluto, não é governar sozinho”, António Costa tem agora as rédeas muito mais soltas para governar do que nos últimos seis anos em que esteve dependente do apoio dos parceiros da geringonça.

Desta forma, Costa e a direcção do PS estão a ponderar fazer ajustes ao elenco de Ministros e Secretários de Estado que já tinham em mente para um Governo que se esperava que fosse minoritário e precisasse mais de negociar.

A mudança não será grande e o Governo não deve ser maior, tal como António Costa avançou durante a campanha eleitoral e no discurso de vitória, falando num executivo mais pequeno que será mais como uma “task force”.

Esta ideia de haver um Governo mais compacto depende da disponibilidade dos actuais Ministros e Secretários de Estado para continuarem a integrar os executivos e também deve requerer a redução ou fusão de ministérios que deixarão de fazer sentido com a descentralização de competências para o poder local.

Há pastas que à partida já estão livres, como o Ministério da Administração Interna, que ficou até recentemente nas mãos de Eduardo Cabrita, ou Ministério da Justiça, visto que Francisca Van Dunem já anunciou que não quer continuar no cargo.

Mesmo assim, vários dos actuais tutelares das pastas ministeriais devem continuar a integrar o elenco de Costa. O primeiro-ministro está ainda a ter em conta a nova reconfiguração do Parlamento nos seus planos, já que os seus antigos parceiros perderam muitos deputados — o BE passou de 19 para cinco, o PCP de 10 para seis e os Verdes perderam toda a representação.

As eleições trouxeram também uma redução de 79 para 76 deputados para o PSD, o desaparecimento do CDS, e o crescimento do Chega e da Iniciativa Liberal, com 12 e oito deputados, respectivamente. Com um cenário parlamentar tão diferente, é de esperar que o Governo sofra mudanças também.

ZAP //

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