No regresso de Jerónimo, nem a emoção calou as críticas à direita e ao PS — que “disfarça mal a vontade de se encostar” a ela

JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa (C), intervém, durante uma ação de campanha da Coligação Democrática Unitária (CDU) para as eleições legislativas 2022, no primeiro dia após ter sido submetido a uma cirurgia.

Secretário-geral do PCP elogiou os seus substitutos na campanha, mas deixou duras críticas ao PS pela opção manifestada por António Costa de ter um “governo à Guterres”.

Depois de uns primeiros dias de campanha acidentados, com a notícia da intervenção cirúrgica de urgência de Jerónimo de Sousa e o teste positivo à covid-19 de João Ferreira — um dos substitutos inicialmente designados, juntamente com João Oliveira —, a comitiva da CDU está novamente completa e na estrada, com o regresso do secretário-geral dos comunistas a ser marcado por duas arruadas, em Setúbal e Évora. Na primeira ação do dia, o foco esteve naturalmente em Jerónimo de Sousa, que em resposta aos jornalistas revelava que o mais difícil da sua ausência não foi a operação a que foi sujeito, mas ver a campanha a decorrer e não poder participar.

“Tive que me conformar e fazer de tudo para ficar bem o mais próximo possível. Tudo o que era preciso fazer, fez-se.” Deixou ainda uma reflexão relativa aos dias em que esteve fora da campanha para tratar da sua saúde. “Aprendemos a gostar mais da vida.” Já sobre os três dirigentes comunistas que o substituíram, Jerónimo só teve palavras elogiosas, mostrando-se satisfeito pelo “conjunto de quadros” que o partido tem e que “são de uma grande categoria”.

“Foi uma acertada decisão da direção do partido meter esses dois camaradas, três, a assumirem a tarefa de conduzirem a campanha, particularmente em termos de comunicação social, programa, debates. […] Temos um conjunto de quadros que são de uma grande categoria. É uma grande categoria que se mostrou em plena campanha. Valeu a pena a experiência“, ironizou.

Já em Évora, depois de uma arruada improvisada e perante um Teatro Garcia de Resende repleto, Jerónimo recuperou o seu discurso combativo, lançando-se num ataque acesso ao PS, a quem acusa de disfarçar mal a vontade de se encostar ao PSD”. “O PS agora tenta emendar a mão e diz que está disponível para dialogar com quase todos. É uma resposta que disfarça mal a vontade de se encostar ao PSD a seguir às eleições. Essa aparente ambiguidade do PS é tudo menos inocente”, atirou, citado pelo Observador. “É um sinal que deve deixar alerta todos os que estão com dúvidas no seu voto”.

“Prepara-se para um governo à Guterres. Governar lei a lei com o PSD é abrir a porta à política de direita. Não queremos que a direita entre nem pela porta nem pela janela”, atirou animando a assistência de Évora.

As críticas à dita direita também não faltaram, com o secretário-geral do PCP a entender que a “moderação, equilíbrio e simpatia” dos partidos deste espectro não passa de uma maquilhagem. “Uma direita que pode estar disfarçada, encenar diferenças face à truculência dos seus sucedâneos, mas não mudou a sua natureza nem os seus objetivos.

Sobre o papel que o PCP pode ter numa solução governativa — em linha com o que aconteceu nos últimos anos —, Jerónimo de Sousa considera que o PS parece “preparado para deixar para trás o caminho da recuperação de direitos que as circunstâncias políticas e a determinação das forças da CDU impuseram nos últimos anos”.

ZAP //

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