Nova diretiva europeia sobre produtos permitidos nas tatuagens contestada por profissionais do setor

Em causa está uma substância encontrada em algumas tintas e que está ligada a doenças cancerígenas, dificuldades reprodutivas e irritações cutâneas. 

A entrada em vigor de uma nova diretiva europeia relativa às tintas que os tatuadores estão autorizados a usar durante o seu trabalho está a gerar polémica e contestação entre os profissionais do sector, que alegam ter ficado sem material para trabalhar. O principal argumento apresentado é que as substâncias proibidas constituem algumas das mais populares, não havendo, atualmente, alternativas no mercado. A nova regulação vem, dizem, abalar um mercado já beliscados pelos sucessivos confinamentos a que o território europeu esteve sujeito.

Em causa estão substâncias que segundo a União Europeia podem representar riscos para a saúde, com ligações, por exemplo, a doenças cancerígenas, dificuldades reprodutivas ou irritações cutâneas e que são incluídas nas tintas utilizadas nas tatuagens e na maquilhagem permanente. A normativa foi inicialmente aprovada em dezembro de 2020, mas foi dado um ano aos profissionais para se adaptarem e procurarem alternativas.

Em França, Tin-Tin, um dos tatuadores mais famoso do país e representante do sindicato dos trabalhadores do setor, explicou à Reuters que as novas regras, devido ao seu cariz restritivo, apenas levarão as pessoas até estabelecimentos onde estas não são cumpridas. “É ridículo. É como tirar farinha de uma padaria, é uma estupidez desse tipo Se não tivermos cores ou tinta para trabalhar, como o vamos fazer?”

A Comissão Europeia, por sua vez, alega que os estabelecimentos e os tatuadores tiveram um ano para se prepararem, havendo também alternativas no mercado – à exceção de dois pigmentos em particular – pelo que foi dado mais tempo precisamente para que esta questão fosse acutelada.

A Agência Europeia dos Produtos Químicos foi a responsável por desenvolver a investigação necessária para a implementação da medida, tendo posteriormente anunciado que pelo menos 12% da população europeia, 54 milhões de pessoas, têm tatuagens. O objetivo das instituições europeias parece ser harmonizar em todo o bloco os limites de substâncias individuais e em compostos utilizadas nas tatuagens.

Gwenalle Reaume, secretária da associação de tatuadores da Bélgica, disse à mesma fonte que a pandemia da covid-19 atrasou a procura e produção das novas tintas, pelo que pede às autoridades mais tempo. Apesar de no seu estabelecimento ter encomendado novos produtos a tempo, muitos dos seus colegas não o fizeram, o que resulta numa nova paragem de atividade.

ZAP //

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