Centrão, sim ou não? Rio assume disponibilidade, Costa bate-se pela maioria mas prognósticos só no fim do jogo

Mário Cruz / Lusa

A um mês das legislativas, os dois cenários mais prováveis começam a ganhar forma: ou um dos maiores partidos vence com maioria absoluta, ou um dos dois maiores partidos vence com maioria relativa. Neste último cenário, o problema da estabilidade política mantém-se.

A maioria absoluta resolve o impasse. Mas se o PS ou o PSD vencerem com maioria relativa, vão precisar de uma base de apoio no Parlamento para uma governação duradoura.

O líder do PSD, Rui Rio, entende que o partido que vencer, governa. Já o segundo maior partido deverá apoiá-lo, de forma a assegurar alguma estabilidade orçamental.

Em entrevista à CNN Portugal, o social-democrata assumiu isso mesmo: “Todos devem estar disponíveis. Ninguém está a dizer que é com o Partido Socialista. O que tenho dito é que, não havendo uma maioria absoluta, todos devem estar disponíveis para negociar.”

Já António Costa, secretário-geral do PS, insiste que o seu objetivo eleitoral é “metade mais um” – ou, como quem diz, a maioria absoluta.

Também em entrevista à CNN, quando questionado sobre a probabilidade de um acordo de Governo com o PSD, Costa rejeitou liminarmente: “Não. Esse é um cenário que nunca se colocará.”

“O país não precisa de governos provisórios de dois anos, o país precisa mesmo é de estabilidade durante quatro anos. Precisa de uma solução para quatro anos”, justificou, considerando que a ideia lançada por Rui Rio se traduz numa “proposta de quem não tem experiência da ação governativa”.

Rio já veio esclarecer, no Twitter, que nunca propôs qualquer acordo a dois anos.

Certo é que, conforme salienta o Diário de Notícias, têm aumentado as conversas sobre a  eventual necessidade de um entendimento central entre o PS e o PSD, embora o socialista insista em demarcar-se desse cenário.

Segundo o Público, a campanha do PS será assente na mensagem de que o partido está renovado e que um eventual futuro Governo terá, de igual forma, uma cara lavada.

Os feitos alcançados no passado pelos Governos PS, a dramatização por causa da pandemia de covid-19 e os milhões do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) são algumas das armas que António Costa leva debaixo do braço para tentar derrotar Rio, segurar o cargo de primeiro-ministro e, quiçá, sair reforçado destas eleições.

Rio, por outro lado, tem o peito inflado depois de ter saído do congresso do partido como líder reeleito e com total legitimidade interna.

A aposta é simples: evidenciar o desgaste dos seis anos de governação socialista de Costa, sem pedir a maioria absoluta e confiante de que o certo é apostar na estratégia de diálogo no pós-legislativas.

Se haverá ou não um “centrão”, maiorias, acordos e uma governação estável e serena, não se sabe. A incógnita mantém-se até dia 30, a data da prova de fogo que as urnas vão decidir.

ZAP //

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