O projeto Fruta Feia evitou que mais de 50 toneladas de desperdício de frutas e hortaliças tenham ido para o lixo, com os fundadores da cooperativa a mostrarem-se surpreendidos com o número alcançado.
“É uma grande emoção para nós. Estamos a trazer do campo cerca de duas toneladas por semana, o que para os agricultores significa uma rentabilidade extra já bastante significativa e esse era o maior objetivo do nosso projeto”, explicou em declarações à agência Lusa, Isabel Soares, uma das mentoras do projeto.
A jovem reconhece que no início da Cooperativa Fruta Feia não estava à espera de uma adesão “tão grande” por parte dos consumidores, lembrando que há 41 semanas eram 100 os associados, enquanto agora, passado quase um ano do arranque do projeto, contam já com 450 e uma lista de espera de cerca de 2.500.
A cooperativa Fruta Feia resulta de uma ideia de quatro amigos para aproveitar cerca de um terço da fruta e vegetais que os supermercados desperdiçam, por considerarem que não têm o aspeto perfeito que os consumidores procuram.
“O primeiro objetivo deste projeto foi largamente alcançado, que era o de valorizar estes produtos junto dos agricultores”, frisou Isabel Soares, lembrando que o próximo passo será a abertura de uma terceira delegação, ainda nas imediações de Lisboa, mas a funcionar de forma autónoma.
“Queremos abrir o terceiro ponto de entrega no início do próximo ano, mas queremos que funcione como unidade piloto para replicação a nível nacional fora de Lisboa. Funcionará independentemente da nossa gestão de forma também a podermos otimizar o modelo de gestão”, explicou.
Para colocar em prática este novo desafio, Isabel Soares contou que é só preciso encontrar financiamento, já que há pessoas interessadas em dinamizar uma delegação em outros pontos do país, lembrando que o desperdício de fruta não se dá somente na região oeste.
“Temos muitas pessoas que se reveem nos valores da cooperativa, pessoas interessadas em consumir e agricultores. Temos todos os recursos chave” para a abertura de mais pontos, avançou.
Isabel Soares explica ainda que cada ponto de entrega torna-se “autossustentável financeiramente” quando é iniciada da venda da fruta e alcançado o número mínimo de sócios, mas para a sua abertura existem custos iniciais como a compra de algum material e uma carrinha de transporte.
“Se formos depender do lucro da cooperativa, a replicação nunca vai acontecer com a celeridade que o programa impõe. Os espaços [onde é vendida a fruta] são grátis cedidos por associações, isso faz parte do nosso modelo de negócio, mas é complicado arranjar alguém já com uma carrinha”, acrescenta Isabel Soares, adiantando ser necessário o recurso a fundos europeus para colocar em prática a expansão.
Atualmente, as cestas de fruta feia – pequenas com 3/4kg e cinco a sete variedades e a grande com 6/8kg e sete a nove variedades, compostas por frutas e hortaliças, que variam semana a semana conforme a altura do ano – podem ser recolhidas às segundas-feiras na Casa Independente, no Intendente, e às terças feiras no Ateneu Comercial de Lisboa.
“Gente bonita come fruta feia” é o lema do projeto que pretende associar “bons ideais às pessoas que estão dispostas a comer” esta fruta não normalizada para evitar o desperdício alimentar, explicou Isabel Soares.
/Lusa