Governo “corre atrás do prejuízo”, com “alarmismos” e um “atestado de incompetência”. A reação dos partidos

António Cotrim / Lusa

O primeiro-ministro, António Costa, após ter falado aos jornalistas no final da reunião extraordinária do Conselho de Ministros

O primeiro-ministro, António Costa

À saída do Conselho de Ministros extraordinário desta terça-feira, António Costa anunciou as novas medidas de combate à pandemia ao país. Logo depois, reagiram os partidos políticos com assento parlamentar, acusando o Governo de incompetência e de encetar uma corrida “atrás do prejuízo”.

Ricardo Baptista Leite, vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, apelou a que os portugueses respondam “à falta de planeamento” no reforço da vacinação com a contenção de contactos e criticou a inconsistência nas medidas.

“Tínhamos alertado no final do verão para a necessidade de planear as doses de reforço. Infelizmente, estamos a poucos dias do Natal e esse trabalho ainda não foi feito, agora estamos a correr atrás do prejuízo”, afirmou, em declarações à Lusa.

O deputado considera que, agora, está nas mãos dos cidadãos garantirem a “melhor forma possível” de responder ao aumento de casos de covid-19. Já em relação às medidas, considerou-as inconsistentes, sobretudo em relação à testagem.

Já o Bloco de Esquerda reagiu através de uma publicação de Catarina Martins no Twitter.

A bloquista disse estranhar que “não exista reforço das equipas de rastreio e vacinação”, tendo em conta a exaustão dos profissionais de saúde. Além disso, salientou que o Governo “aceitou a sugestão do Bloco” de apoio às famílias no período de encerramento de creches e ATL – mas “falta saber de apoios relativos a outras medidas”.

Já o PCP reagiu através de uma nota assinada por Bernardino Soares, responsável interno pela pasta da Saúde, que salienta que “as medidas retomam uma opção por soluções restritivas com fortes prejuízos para os trabalhadores e muitas atividades económicas”.

“É necessário que o Governo garanta quer o respeito integral pelos direitos e remunerações dos trabalhadores, quer o apoio às atividades mais atingidas por estas medidas, particularmente na época específica em que estamos”, exige o partido, que quer também uma aposta no reforço do SNS, da vacinação e da testagem gratuita.

O PAN pediu apoios para as famílias e para o setor dos bares e das discotecas, além de apelar aos portugueses que “sejam responsáveis” nesta época festiva.

“Compreendemos que há a necessidade da adoção de algumas medidas e a preocupação que desde o primeiro momento transmitimos ao Governo é que existam os correspondentes apoios sociais, em particular para os bares e as discotecas, que vão ter de encerrar, mas também para as famílias, quer no apoio às creches, quer no apoio para ficarem em casa com as crianças sempre que assim seja necessário por força do contexto sanitário”, afirmou a porta-voz, Inês Sousa Real.

Menos compreensivo é Francisco Rodrigues dos Santos, que considera as medidas anunciadas esta terça-feira “exageradas, alarmistas e desproporcionais”.

“O caminho que o Governo devia seguir era o reforço da terceira dose da vacinação porque já de demonstrou que, tendo 90% da população vacinada, mesmo em caso de infeções, não tem uma repercussão preocupante nem no número de mortes, nem internamentos”, defende o CDS, em detrimento de situações que “geram terror e medo”.

André Ventura também considerou algumas das medidas “desproporcionais”, como o encerramento de bares e discotecas a partir de 25 de dezembro, a obrigatoriedade de apresentação teste negativo antigénio, além do certificado de vacinação, para acesso a eventos de final de ano em hotéis e restaurantes, e as limitações na lotação dos centros comerciais.

Na sua declaração, transmitiu o pedido do Chega ao Governo para que avance imediatamente com um “suplemento de apoio extraordinário” para compensar os setores mais afetados.

Já o Iniciativa Liberal vai mais longe e acusa o Executivo de “incompetência” porque “parar vida de todos não é gerir pandemia”.

“O que assistimos hoje [terça-feira] foi a uma conferência de imprensa onde as medidas anunciadas não são condizentes com os dados apresentados. Continuamos a desconhecer quais foram os dados que suportam estas decisões”, defendeu a dirigente da IL, Carla Castro.

“É claramente um atestado de incompetência sobre a forma de o Governo gerir a pandemia”, considerou, apontando que o primeiro-ministro referiu a necessidade de medidas “enquanto não se reforça a vacinação”.

Após a reunião do Conselho de Ministros desta terça-feira, António Costa confirmou as notícias que desde a manhã estavam a ser avançadas pela comunicação social.

As medidas previstas para a semana de 2 de janeiro foram mesmo antecipadas, com a obrigatoriedade de teletrabalho a vigorar já a partir das 00h00 de dia 25 de dezembro, o fecho de creches e ATL, mas também de bares e discotecas — os quais receberão os apoios previstos no âmbito do lay-off e do programa Apoiar.

Liliana Malainho, ZAP // Lusa

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