Uma vez na atmosfera, os resíduos de produtos químicos industriais podem transformar-se em novas substâncias mais tóxicas e persistentes do que a poluição original.
Um grupo de investigadores decidiu recolher amostras de todo mundo para avaliar o perigo de diversos poluentes. De acordo com a análise, foram descobertos produtos químicos anteriormente não identificados em 18 grandes centros urbanos, incluindo Lagos, Nova Iorque, Tóquio e Varsóvia.
A Convenção de Estocolmo, um tratado internacional que regula a emissão de substâncias tóxicas, avalia o grau de perigo de diferentes poluentes com base no tempo que permanecem no meio ambiente, o nível de toxicidade e o grau de contaminação dos seres vivos.
No entanto, o estudo defende que esta abordagem tem sido limitada a uma lista de substâncias conhecidas e não tem em conta a forma como estas podem mudar à medida que se decompõem.
A investigação propõe então uma nova avaliação baseada em testes laboratoriais e simulações para prever que substâncias químicas irão surgir à medida que os produtos químicos interagem com o a.
Liderados por John Liggio, da Environment Canada, os cientistas testaram a nova abordagem com nove produtos químicos retardadores de combustão, os mais comuns na atmosfera.
Em laboratório, observaram de que forma estas substâncias mudaram ao longo do tempo – quando em contacto com oxidantes do ar – e descobriram que deram origem a 186 substâncias distintas.
Depois de compararem estas novas substâncias com amostras de campo, os investigadores encontraram 19 derivados dos cinco retardadores que nunca tinham sido identificados na atmosfera até então.
De acordo com a AFP, a equipa analisou a persistência, a toxicidade e a bioacumulação das substâncias derivadas e os resultados demonstraram que os produtos podem durar mais tempo no meio ambiente e ser ainda mais tóxicos do que os resíduos originais. Às vezes, até 10 vezes mais.
No artigo científico, publicado na Nature a 15 de dezembro, os cientistas escreveram que esta nova abordagem deveria incluir produtos de transformação em programas de monitorização de ar, “para dar prioridade aos produtos de transformação de elevada preocupação para um escrutínio mais aprofundado”.