Como ponto de partida da investigação, reconheceu-se que a eficácia das vacinas diminui ao longo do tempo.
Um estudo que envolveu quase três mil pessoas permitiu concluir que as doses de reforço, com seis tipos de vacinas diferentes contra a Covid-19, permitem aumentar a resposta imunitária nas pessoas inoculadas, mas variam consoante as marcas.
Na investigação, publicada esta quinta-feira na revista médica britânica The Lancet, analisou-se o resultado de injeções com doses adicionais em pessoas que tinham tomado duas doses das vacinas Oxford/AstraZeneca, usada em mais de 180 países, e Pfizer/BioNtech, em mais de 145.
O estudo permitiu concluir que essas doses de reforço são “seguras e aumentam a resposta imunitária”.
No entanto, não se concluiu que sejam mais eficazes em “proteção contra a infeção ou doença grave”.
“Os dados sobre efeitos secundários demonstram que as sete vacinas analisadas são seguras para utilização como terceiras doses, com níveis aceitáveis de efeitos inflamatórios secundários, como dor no local da inoculação, dores musculares e fadiga”, afirmou o imunologista Paul Faust, do hospital universitário de Southampton, no Reino Unido.
“Embora todas tenham aumentado a imunidade após duas doses de Astrazeneca, só a AstraZeneca, Pfizer-BioNtech, Moderna, Novavax, Janssen e Curevac conseguiram o mesmo após duas doses de Pfizer-BioNtech”, acrescentou o investigador.
As terceiras doses foram administradas entre 10 a 12 semanas após os participantes do estudo terem recebido a segunda dose de vacina.
Os aumentos na produção de anticorpos contra a proteína que o vírus SARS-CoV-2 usa para penetrar nas células variaram entre 1,8 vezes a 32,3, no caso das pessoas que tomaram duas doses de AstraZeneca, e 1,3 a 11,5 vezes nas pessoas inoculadas com Pfizer/BioNtech.
Foram obtidas “respostas significativas” no aumento de células imunitárias T, em várias combinações.
Um dos resultados que chamou a atenção dos cientistas foi a resposta das células T ser tão boa contra as variantes Beta e Delta, como contra o vírus original, ainda sem mutações.
Quando questionado se a descoberta poderia ser relevante para a variante Omicron, Paul Faust afirmou que a esperança dos cientistas “é que a proteção contra a hospitalização e a morte permaneça intacta”.
“É importante notar que os resultados só se referem ao uso destas vacinas como reforço da vacinação primária e a resposta imunitária conseguida até 28 dias depois”, explica Paul Faust.
“Será preciso mais investigação três meses e um ano depois das doses de reforço, o que fornecerá dados sobre o impacto na proteção a longo prazo e na memória imunológica. Também estamos a estudar o efeito de duas das vacinas em pessoas que tomaram uma dose de reforço após sete a oito meses, mas os resultados só estarão disponíveis para o ano“, acrescentou.
Participaram no estudo 2878 pessoas, com 30 anos ou mais de idade. Mais de 900 reportaram no total mais de mil efeitos adversos, para além dos mais comuns – fadiga, dores de cabeça e dor no local da injeção – 24 dos quais graves.
ZAP // LUSA