OCDE prevê crescimento económico de 4,8%. “Sinal claro” da credibilidade do país

Manuel de Almeida / Lusa

O ministro das Finanças, João Leão

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) nacional cresça 4,8% este ano, à semelhança do Governo e Banco de Portugal (BdP), estando também otimista para os dois anos seguintes.

“A economia deverá crescer 4,8% em 2021, 5,8% em 2022 e 2,8% em 2023. O PIB deverá ultrapassar o nível pré-crise só à volta de meados de 2022″, pode ler-se nas previsões económicas da OCDE hoje divulgadas.

“O crescimento robusto é sobretudo fomentado pela procura doméstica, e será acelerado pela absorção de fundos da União Europeia”, acrescenta o documento

A OCDE aponta ainda que “o aumento atual nos custos de produção, guiado essencialmente pelos preços da energia, não deverá fomentar substancialmente as pressões subjacentes aos preços”.

O crescimento económico previsto alinha com as previsões do Governo e do BdP, e superam as do Conselho das Finanças Públicas (CFP), de 4,7%, bem como as da Comissão Europeia (4,5%) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), 4,4%, atualizando ainda as da própria OCDE, feitas em maio, que apontavam para 3,7%.

Quanto a 2022, a organização multilateral é mesmo a mais otimista, já que no próximo ano prevê um crescimento de 5,8%, quando o Governo aponta para 5,5%, a Comissão Europeia para 5,3%, o FMI e o CFP 5,1%, sendo também atualizada a anterior previsão da própria OCDE (4,9%).

Para 2023, as previsões da organização sediada em Paris, de 2,8%, apenas ficam abaixo das do CFP (2,9%), estando acima das do FMI (2,5%) e da Comissão Europeia (2,4%).

A organização liderada por Mathias Cormann alerta no entanto que “o rácio de crédito malparado, apesar de decrescente, está entre os maiores da Europa, o que é uma possível fonte de ‘stress’ financeiro”.

“Já que alguma realocação de atividades e empregos é inevitável na sequência da crise de covid-19, fortalecer os regimes de insolvência iria facilitá-las, permitindo à economia lidar melhor com um possível aumento de falências e crédito malparado”, sugere também a OCDE.

Este ano, o “PIB recuperou de forma mais forte que o esperado no segundo e terceiro trimestres de 2021, fomentado sobretudo pelo consumo privado, à medida que as medidas sanitárias mais restritivas foram removidas”.

“Tanto os dados da confiança dos consumidores como os das vendas a retalho sugerem uma forte recuperação continuada do consumo a curto prazo. O sentimento empresarial continua a melhorar, enquanto a indústria do turismo recupera rapidamente, apesar de o fazer a partir de níveis muito baixos”, refere a organização.

A OCDE sinaliza, por outro lado, que “a produção industrial abrandou moderadamente nos últimos meses, à medida que os custos de produção aumentaram fortemente, sobretudo devido aos preços da energia e constrangimentos na oferta, apesar de isto não se ter refletido muito nos preços ao consumidor”.

“O Governo também introduziu uma série de medidas para amortecer os efeitos negativos do aumento de preços devido ao aumento dos preços da energia, tais como subsídios para os agregados domésticos e para operadores de transporte público, bem como um controlo das margens de lucro das petrolíferas”, acrescenta ainda.

A OCDE prevê que o consumo “continue forte, ao passo que a taxa de poupança deve cair, à medida que a incerteza relacionada com a pandemia se esvai”.

“As exportações, atualmente ainda moderadas, vão ser lentas a recuperar totalmente, atingindo o nível pré-crise só no início de 2023, dado que o turismo deverá continuar a ser afetado por restrições à mobilidade entre fronteiras”, mas a OCDE antevê efeitos positivos caso as restrições sejam levantadas mais cedo.

Um grande risco está relacionado com as falências, que podem ser mais prevalecentes que o esperado, danificando a estabilidade financeira e aumentando o desemprego. Isto pode seguir-se à retirada das moratórias bancárias, dado que a percentagem de negócios que aderiram em Portugal foi, de longe, o maior entre os países europeus”, alerta a OCDE.

“Sinal claro” da credibilidade do país

O ministro das Finanças, João Leão, afirmou hoje que as estimativas da OCDE dão um “sinal claro” da credibilidade do país, reforçando a confiança de que a crise política não coloca em causa o “forte crescimento” da economia.

“Estas estimativas da OCDE agora conhecidas são um sinal claro da credibilidade que o país tem conquistado nos últimos anos e da confiança que as instituições internacionais depositam no desempenho da economia portuguesa”, defendeu João Leão, num vídeo enviado à comunicação social.

A OCDE prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) nacional cresça 4,8% este ano, à semelhança do Governo e do Banco de Portugal (BdP), estando também otimista para os dois anos seguintes.

“No próximo ano, Portugal será mesmo o país com maior crescimento económico entre todos os países da OCDE”, referiu o ministro.

João Leão notou ainda, tendo por base os dados da OCDE, que Portugal vai retomar a “trajetória de convergência económica com a zona euro”, estimando-se que, até 2023, o país cresça até dois pontos percentuais acima da zona euro.

O Ministério das Finanças realçou também que o crescimento da economia vai estar assente numa “forte dinâmica do investimento, com um vigoroso crescimento de 8,1% já no próximo ano”.

No que diz respeito às finanças públicas, a organização estimou que o executivo vai cumprir a meta do défice prevista para este ano e que Portugal vai retomar a trajetória de redução da dívida pública.

João Leão ressalvou que estas estimativas já têm em consideração o ‘chumbo’ do Orçamento do Estado para 2022.

“Tudo isto reforça a nossa confiança de que a atual situação política de eleições antecipadas não coloca em causa o forte crescimento da economia portuguesa, desde que se assegurem condições de estabilidade e governabilidade”, concluiu.

ZAP // Lusa

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