Os líderes do CDS-PP e do PCP revelaram, esta terça-feira, que o Governo se comprometeu a priorizar a vacinação dos mais idosos com a terceira dose, não tendo “nada planeado”, para já, em relação às crianças.
O primeiro-ministro está a receber, esta terça e quarta-feira, os partidos com representação parlamentar para discutir a situação epidemiológica em Portugal. Depois de estar reunido com os representantes do IL, Chega e PEV, seguiram-se os encontros com o PAN, CDS-PP, PCP e BE.
À saída da reunião, a líder do PAN, Inês de Sousa Real, afirmou que o Governo lhe transmitiu “preocupação” quanto ao uso de máscara em espaços como “estádios de futebol, concertos e discotecas”.
“É por isso que, para o PAN, é absolutamente fundamental que, para além daquele que seja o comportamento individual da manutenção da máscara em espaços fechados, daquilo que possam ser todas as boas práticas, (…) o Governo garanta que existe um acesso universal aos testes“, referiu.
Além disso, a deputada salientou também que é necessário agilizar “mecanismos de verificação”, à semelhança do que acontece em países como o Reino Unido, onde “é possível verificar, através do Serviço Nacional de Saúde, que a pessoa fez o teste e que está negativo, a par evidentemente dos certificados de vacinação”.
A porta-voz argumentou ainda que é fundamental assegurar “o reforço dos meios profissionais de saúde, nas escolas, nos próprios autocarros, para garantir que, nas horas de ponta e naqueles picos de acesso, se consegue de alguma forma evitar maiores cadeias de transmissão”.
A pouco mais de dois meses das legislativas antecipadas, Inês de Sousa Real defendeu ainda que é “fundamental garantir o desdobramento das mesas e uma preparação atempada, como é o caso da antecipação do direito de voto, para que não haja uma falta de adesão às urnas e que não haja também níveis de abstenção”.
Seguiu-se o líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, que disse não acompanhar este “ritual do medo e da histeria coletiva” porque “não há nenhuma razão plausível para o alarme social”.
Questionado sobre se está a ser equacionado pelo Executivo a vacinação dos mais novos, o presidente centrista respondeu que “sobre as crianças o Governo não tem nada planeado para já”.
“Até ao Natal, o compromisso que o Governo fez também com o CDS é que iria priorizar a terceira dose ao grupo dos mais idosos e aqueles que ao longo dos últimos tempos têm perdido eficácia na vacina, de acordo com os estudos que vieram a ser revelados também pelos mesmos especialistas”, referiu.
Sobre este assunto, Jerónimo de Sousa, líder do PCP, confirmou aos jornalistas o que foi dito pelo líder centrista, dizendo que, neste momento, os mais de 65 anos “vão ter uma fase prioritária”.
Apesar disso, o secretário-geral comunista defendeu que a vacinação das crianças é uma “consideração de grande pertinência e de grande atualidade a que é preciso responder”.
Jerónimo de Sousa disse também ter ficado com a ideia de que “não vão existir restrições significativas” e acrescentou ter transmitido ao Governo socialista a necessidade de “encontrar respostas que visem o reforço da vacinação e dos serviços públicos de saúde”, assim como de “montar ou remontar o aparelho” de vacinação “para o caso de evolução deste processo”.
O Bloco de Esquerda foi o último partido a ser recebido, tendo a coordenadora Catarina Martins destacado aos jornalistas que defendeu a necessidade de reforçar o processo de vacinação e o reforço de profissionais e meios do SNS.
A bloquista referiu que a taxa de vacinação no país “é um instrumento precioso” e que “continuar este esforço pode ser a chave para que o país possa segurar e combater esta nova vaga”.
Catarina Martins pediu ainda “um reforço claro dos meios e dos profissionais do SNS para responder a esta onda, mas também para que continuem e retomem cuidados não covid”, lembrando que “o SNS está muito fragilizado” e os “profissionais de saúde exaustos”.
Questionada sobre um eventual plano que o Governo estará a desenhar para tomar medidas, apesar da dissolução do Parlamento, a líder do BE escusou-se a falar pelo Executivo.
“O que também transmitimos ao Governo é que, na verdade, a Constituição dá o conforto de saber que é possível tomar as medidas necessárias em qualquer momento”, respondeu apenas.
Amanhã, António Costa vai receber em São Bento os representantes do PSD e do PS. O primeiro-ministro recusou antecipar as novas medidas para conter a pandemia, remetendo um eventual anúncio para quinta-feira, quando se reúne o Conselho de Ministros.
ZAP // Lusa