O mercado de trabalho nacional está novamente com uma elevada escassez de mão-de-obra, o que supostamente deveria criar as condições para que as empresas se vissem obrigadas a aumentar o nível dos salários oferecidos. No entanto, isto não está a acontecer.
João Cerejeira, professor da Faculdade de Economia da Universidade do Minho, refere ao Público que “estamos a entrar numa fase de escassez de mão-de-obra. Isto mostra-se pela descida da taxa de desemprego, mas principalmente pelos recordes que se estão a registar no nível de emprego”.
A taxa de desemprego no terceiro trimestre deste ano situou-se, de acordo com os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) na semana passada, em 6,1%, um valor que fica já abaixo daquele que se registava há dois anos, antes da pandemia.
Também os inquéritos que são feitos às empresas referem esta realidade. A percentagem de firmas a referir a escassez de mão-de-obra como um entrave à produção começou a subir de forma rápida, tanto na indústria como nos serviços e na construção, desde o terceiro trimestre do ano passado.
A dúvida que se coloca é se, com mais dificuldades em contratar, as empresas vão passar a oferecer salários mais elevados. Para já, não há sinais de uma aceleração dos salários.
Segundo os dados publicados pelo INE, depois de vários meses de oscilações significativas entre março de 2020 e junho de 2021, provocadas pelas circunstâncias extraordinárias criadas pela pandemia, a variação homóloga dos salários brutos em Portugal cifrou-se em 3,3% em agosto deste ano e em 2,6% em setembro.
Como refere o Público, estes são valores que estão em linha com os registados em 2019, antes da pandemia, o que indica um efeito relativamente limitado nos salários do maior aperto que se regista no mercado de trabalho.
Como refere João Cerejeira, caso os salários aumentem será “por uma questão de concorrência pelo trabalho”. No entanto, “é preciso que as empresas sejam viáveis com esses salários mais altos. Se não forem, vão à falência e os empregos perdem-se”, adverte.
O problema da falta de mão de obra são acontece só em Portugal. No resto da Europa, esta tendência tem sido registada em muitas empresas.
De acordo com uma análise publicada pela Comissão Europeia na semana passada sobre esta questão, na grande maioria dos países da União Europeia, incluindo Portugal, está-se a assistir a um regresso dos indicadores de pressão no mercado de trabalho para níveis idênticos aos que se verificavam antes da pandemia.
Com a prática de vencimentos miseráveis da maioria dos patrões é lógico que a mão de obra não aparece!
Pode dizer-nos qual é a sua empresa? Fiquei curioso em saber…
Ou será que é daqueles que nada fazem, mas que acham que tudo o que os outros fazem é fácil de fazer e fica sempre mal feito?
Esclareça-me a mim e a todos os leitores, por favor!
Ó viajante, diga lá qual e a sua empresa, como já lhe perguntaram. Queremos aprender como se faz bem!
Ou está só mesmo de passagem, e é mais do tipo “toca e foge”?!
Talvez o nome com que assina esteja de facto bem aplicado…
Passo o desabafo deste empresário
Eu sou empresário e uma das minhas principais preocupações é pagar bem à minha equipa. É uma questão de princípio.
É claro que os cínicos vão logo achar que é mentira e que o objetivo das empresas é lucrar à custa de tudo e de todos.
Os cínicos não têm equipas, não têm pessoas a seu cargo, não tem famílias a cuidar. Os cínicos não fazem ideia do que exige montar uma empresa saudável, muito menos uma empresa de sucesso.
Estou rodeado de pessoas excelentes, pessoas que trabalham muito e que dão a alma e o coração mas, acima de tudo, dão o seu futuro à nossa empresa, STAT Martial Arts.
Então porque é que é tão difícil pagar 2.700€?
Fui ao site https://www.pmesalarios.pt/simulacao/custofunc para simular o custo para a empresa deste salário base.
Para um salário base de 2700€, a empresa gasta 3368,25 e, o colaborador leva para casa 1700€.
Leiam outra vez:
o Colaborador leva para casa 1700. A empresa gasta quase 3.400€. (isto para 12 meses. Faltam os subsídios de férias e de Natal).
o Estado fica com 1668,25.
O Estado recebe tanto quanto o colaborador.
Ninguém fica a ganhar com este sistema.
Não consigo perceber a falta de visão de tudo isto. Não me venham com a história da distribuição de riqueza através do Estado. A única coisa que vejo é a falta de liquidez nos bolsos das pessoas e falta de liberdade para distribuirem a riqueza que possam conquistar.
Acredito que o Estado deve proteger quem, realmente, precisa de ajuda mas não é o que está a acontecer. A maioria dos nossos impostos serve para pagar o Estado em si. Para pagar ordenados, rendas, imóveis, carros, tudo do Estado. Não está tudo nos hospitais, na educação e nas estradas.
Os hospitais estão a funcionar porque há um acréscimo colossal de hospitais privados. As escolas, sobretudo o pré-escolar e o 1º ciclo, conseguem operar porque há milhares de alunos no privado. As estradas, as grandes e importantes estradas, são pagas por mais impostos, as portagens.
A distribuição de riqueza não se faz assim.
Em Portugal ainda há muito medo do privado. Há muito medo da empresa. Há muita falta de educação no que toca ao tecido económico e financeiro de uma sociedade. Cola-se a narrativa do trabalhador coitadinho, explorado pelo magnata capitalista.
Esta história, para além de ultrapassada, não reflete a esmagadora maioria das empresas em Portugal. Pequenas e médias empresas que fazem tudo o que conseguem para existir, pagar ordenados e levar avante os seus projetos.
Se eu fosse Primeiro-Ministro, procurava levar Portugal a outro patamar. Começava por educar, de facto, a população nos temas que são vitais para o futuro.
Reduziria a máquina Estado em 30% para criar espaço ao crescimento do tecido social, económico e financeiro. No processo, protegeria os débeis e investia os recursos do Estado em mais formação, mais capacitação e mais ferramentas. Não só para a franja mais desfavorecida da sociedade. Os empresários portugueses também precisam de aprender a trabalhar a um nível mais competente.
Para isto funcionar, teria de haver um projeto ambicioso de colocar Portugal no mundo. Na minha modesta opinião, apostaria em produtos de exportação de gama alta. Já fomos ultrapassados em quase todos os outros tipos de produto. Eu tornaria Portugal num país exportador de excelência.
Isto era o que eu faria para que 2700€ fosse um ordenado normal em Portugal.
Parece impossível mas o impossível é o que nós, pequenos empresários, fazemos diariamente.
Não sou Primeiro-Ministro e respeito muito a posição. Sou apenas mais um empresário que sente que Portugal poderia ser muito mais.
Gostaria que não ficássemos todos chocados com a revelação da nossa pequenez e fizéssemos algo, enquanto país, para chegar a um sítio melhor.
Acho que todos os portugueses querem o mesmo. Então o que falta para darmos os primeiros passos? Sem cinismos, sem populismos, sem escândalos. O que falta para sermos o Portugal do futuro?
Os salários não sobem, mas os preços esses sim e todos os dias, para quem afirma que a inflação será de 0,9% certamente será a inflação mensal!