Oficialmente reformado do boxe, Manny Pacquiao espera realizar mais uma proeza improvável em maio do próximo ano: tornar-se Presidente das Filipinas.
Manny Pacquioo escolheu falar da corrupção, um dos maiores problemas das Filipinas, no início deste ano, quando a época eleitoral se aproximava e se tornou evidente que não iria receber o apoio do Presidente Rodrigo Duterte – cujo mandato único obrigatório termina agora –, apesar de pertencerem ao mesmo partido político.
Agora, a lenda do boxe faz a mesma promessa que Duterte fez quando fez na campanha de 2016: uma purga impiedosa aos funcionários corruptos.
“Tenho ajudado pessoas desde 2002 e há tantas a sofrer e a passar fome. O que vi no Governo foram estes políticos, sendo que a maioria deles são corruptos. Estão a roubar dinheiro ao Governo, a roubar dinheiro ao povo”, disse Pacquiao , citado pela Vice.
O candidato à presidência das Filipinas escolhe a corrupção e a pobreza como os principais inimigos. Mas o que o diferencia de Duterte?
“A diferença é a minha sinceridade – o meu amor pelo povo filipino, o meu amor pelo meu país”, disse. “Estou a servir o povo, não os meus amigos. Portanto, se algum deles estiver relacionado a um caso de corrupção, então [não há] nenhum compromisso. Vou mandá-lo para a prisão.”
A administração Duterte está envolvida num escândalo de corrupção relativo a milhões de dólares de compras aparentemente irregulares de material médico durante a pandemia de covid-19. O Presidente tem atacado os senadores que conduzem a investigação e defendeu, recentemente, os seus aliados envolvidos no esquema.
“Critico o Presidente porque sou contra a corrupção. A corrupção é o cancro deste país“, reagiu Pacquioo.
A Vice também realça que Pacquiao costumava ser um defensor das políticas mais controversas de Duterte, nomeadamente a guerra contra a droga e os esforços para restabelecer a pena de morte. Nesta temática, já não é um aliado do atual governante: “Vou continuar a guerra contra a droga, mas da forma correta. Não é preciso matá-los nas ruas sem o devido processo para se defenderem em tribunal.”
Reconhecendo problemas no sistema judicial, disse ainda que irá colocar a lei de pena de morte em espera. “Não quero que pessoas inocentes sejam punidas com a pena de morte.”
No entanto, mantém-se intransigente em matérias onde a fé evangélica traça o limite.
“Sou contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Sendo cristão, sou contra. Em termos de crença, sou contra”, disse. “Mas isso não significa que os condene.”
Pacquiao veio de uma família pobre da província de Saranggani, no sul do país. O seu apelo às massas é esmagador, pois doa ativamente uma parte dos seus prémios em dinheiro aos pobres.
Para milhões, é um herói cujas lutas de boxe na televisão fazem a nação inteira paralisar. Porém, ainda não conseguiu o mesmo nível de vitórias no ringue político e resta saber se conseguirá uma vitória presidencial.