CDS “está a perder o norte” e não tem “credibilidade”. Cecília Meireles expõe fragilidades do partido após saída

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Miguel A. Lopes / Lusa

A deputada do CDS-PP, Cecília Meireles

Na primeira entrevista após ter anunciado que ia abandonar a vida política, Cecília Meireles explicou o que a levou a deixar o partido, dizendo lamentar o “ajuste de contas com o passado” que diz que Francisco Rodrigues dos Santos está a fazer.

Cecília Meireles acredita que está a haver um “degradar da vida interna” do CDS. Na sua opinião, houve uma espécie “ajuste de contas” com o passado e o partido está a “perder o norte daquilo que é importante”, apontou, acrescentando que a relação institucional era “difícil” dentro do próprio partido. Neste sentido, admite que o único escape foi o trabalho: “Tive a sorte de ter muito trabalho para me ajudar a lidar”.

Em entrevista ao programa Polígrafo, na SIC Notícias, Cecília Meireles referiu que se for convidada para as listas do CDS por Francisco Rodrigues dos Santos “não tem condições para aceitar”. Descartou ainda a ideia de que tenha abandonado o partido com receio de que não fosse integrada nas listas, mas sim porque já não se revia no panorama atual.

“Saio feliz com aquilo que tive oportunidade de fazer no CDS”, referiu a deputada centrista, que garantiu, citada pelo Observador, que em “cada momento fiz o meu melhor para honrar essas oportunidades”.

Relativamente à escolha do momento para abandonar o Parlamento, a deputada alegou que os “mandatos são para cumprir” e que por isso escolheu este momento em que se avizinham eleições antecipadas. “É um compromisso com o nosso partido e com os nossos eleitores”, explicou, afirmando que preferia “que o fim tivesse sido mais pacífico”.

Com uma posição bastante diferente daquela que o partido apresenta atualmente, a democrata-cristã destaca que o problema do CDS reside na “consistência e de credibilidade” e não no papel ideológico.

Relembrando que o partido sempre foi um “espaço de vários direitas, em que as diferenças somam mais do que diminuem”, frisa que “este CDS tenho tido dificuldade em encontrá-lo”. Reforça ainda que “um partido não é só um conjunto de ideias, é saber lutar por elas todos os dias” – um trabalho que diz que tem estado ausente nas hostes do CDS.

A deputada demonstrou todo o seu apoio a Nuno Melo, candidato à liderança do partido, e nega ter ponderado candidatar-se a este cargo. “O CDS tem um candidato à liderança e ele trouxe esperança e vi um CDS que não via há algum tempo”.

Por outro lado, Cecília Meireles sublinhou ainda o papel “muito importante” que o CDS teve panorama político português ao longo dos últimos 45 anos. “Fez a diferença“, afirmou, mencionando que na penúltima legislativa o partido foi “a única voz de oposição no Parlamento” contra a gerigonça.

Foi na passada sexta-feira, dia 5 de novembro, que a deputada centrista disse adeus à vida política. Cecília Meireles defendeu que seria a hora de “virar a página para uma vida nova”.

ZAP //

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