Ventura reeleito presidente do Chega com 94,78% dos votos

Manuel de Almeida / Lusa

O presidente reeleito do Chega, André Ventura.

O deputado André Ventura foi hoje reeleito presidente do Chega com 94,78% dos votos, num universo de cerca de 20 mil militantes deste partido com capacidade eleitoral, enquanto o seu adversário, o empresário Carlos Natal, obteve 5,22%.

Os resultados das eleições diretas para a liderança do Chega foram anunciados pelo presidente da Mesa do Congresso do partido, Jorge Valsassina Galveias, numa declaração em que adiantou que ainda estão a ser contabilizados os resultados da eleição de delegados para o congresso desta força política.

O próximo Congresso Nacional do Chega realiza-se em Viseu, entre 26 e 28 deste mês.

“Esta é uma votação que não deixa margem de dúvidas para aquilo que os eleitores querem para o futuro”, diz o líder do Chega.

Perante os jornalistas, Jorge Valsassina Galveias confirmou que foi impugnada uma das listas concorrentes à eleição de delegados na distrital de Lisboa, referindo que essa mesma lista apresentou “irregularidades insanáveis”.

Num comunicado divulgado esta manhã, um grupo de militantes do Chega apelou ao boicote das eleições na distrital de Lisboa do partido, considerando ilegal a suspensão de uma das listas concorrentes, e ameaçou apresentar uma providência cautelar para impedir a realização do congresso.

No texto, assinado por Luís Alves em nome dos membros da lista A, refere-se que a Comissão Nacional de Jurisdição deste partido emitiu um parecer “com caráter de urgência” impedindo-os de concorrer por alegadas irregularidades.

Tivemos conhecimento a menos de 12 horas da realização das eleições que a Lista A de delegados ao congresso foi declarada impedida de concorrer. Consideramos desde já que o prazo de comunicação ultrapassa todos os limites do razoável, dado que é impossível impugnar, e contraria todas as normas do Direito quanto à confirmação, ou não, de listas concorrentes a atos democráticos”, lê-se nesta nota.

Os membros desta lista impugnada adiantaram que iam requerer às “instâncias competentes a impugnação do ato eleitoral”.

“De igual forma, procederemos à entrega de uma providência cautelar para impedir a realização do congresso dos próximos dias 26, 27 e 28 de novembro, em Viseu”, acrescenta-se.

Nestas eleições internas, André Ventura apresentou-se com uma moção intitulada “Governar Portugal sem ceder ao sistema”, onde pediu que o partido afastasse “de vez apelos de moderação ou de menor intensidade de ação” e considerando que o Chega “não deve abdicar da participação ministerial num Governo eventualmente liderado pelo PSD”.

O seu adversário, o empresário algarvio Carlos Natal, pretendeu, através da sua candidatura, criar um “espaço de diálogo” que mostrasse à direção o “descontentamento no partido” e motivasse o seu realinhamento com os valores fundacionais.

Em declarações à agência Lusa, o empresário algarvio avançou que, sendo um dos “fundadores do partido”, sente que o Chega se tornou num “partido de um homem único”, onde não “há canais dentro do partido para as pessoas poderem comentar, participar nas decisões”.

Estas eleições diretas decorrem depois de André Ventura se ter demitido, a 1 de outubro, da liderança do partido, na sequência da decisão do Tribunal Constitucional, que considerou que as alterações estatutárias introduzidas pelo Chega no Congresso de Évora, em setembro de 2020, foram ilegais.

Além das eleições diretas para a presidência do partido, decorrem também hoje as eleições para os delegados ao 4.º Congresso do partido em Viseu.

Nas últimas eleições diretas para a presidência do Chega, que decorreram em março, André Ventura foi o único concorrente e venceu com 97,3% dos votos, num sufrágio onde 11,5% dos militantes se deslocaram às urnas, num universo total de 27.926 ativos.

ZAP // Lusa

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