Rui Rio disse, esta quarta-feira, que acha “muito estranho” que o Presidente da República tenha recebido um candidato partidário. Entretanto, Paulo Rangel já estará a recolher assinaturas para pedir um Conselho Nacional extraordinário no PSD.
Em declarações aos jornalistas à chegada ao Parlamento, o líder do PSD foi novamente questionado pelos jornalistas sobre a audiência concedida por Marcelo Rebelo de Sousa a Paulo Rangel, candidato à liderança do PSD, que foi divulgada na quarta-feira na página oficial de Belém.
“Obviamente que acho muito estranho que o Presidente da República receba um putativo candidato à liderança de um partido. Se for verdade o que vem nos jornais, que ainda por cima o que lá foram tratar foi a data das legislativas e tendo em vista a data das diretas do PSD, significa que vamos condicionar o país às diretas do PSD”, criticou.
“Ainda por cima, as diretas do PSD tiveram um presidente, que sou eu, que explicou devidamente ao Conselho Nacional que isto podia acontecer com alto grau de probabilidade. Não quiseram ouvir e quiseram impor aquilo que taticamente lhes parecia dar mais jeito”, acusou.
Rio salientou que nem sequer os partidos foram ainda ouvidos sobre eventuais prazos para as legislativas antecipadas, caso se confirme o chumbo do Orçamento do Estado esta tarde.
“Se assim foi, peço desculpa, tenho o máximo respeito pela figura do Presidente da República, pelo professor Marcelo Rebelo de Sousa, mas tenho de discordar frontalmente”, disse.
E acrescentou: “Não é minimamente aceitável num país qualquer, neste caso um país europeu, que um chefe de Estado receba e possa combinar uma coisas com um líder da oposição”, disse, acrescentando rapidamente “líder da oposição interna”.
Segundo a SIC Notícias, já estão a ser recolhidas assinaturas para Paulo Rangel pedir um Conselho Nacional extraordinário do PSD, com o objetivo de antecipar o congresso de janeiro para dezembro.
De acordo com o requerimento a que a agência Lusa teve acesso, a proposta é que as eleições diretas se mantenham a 4 de dezembro e o Congresso se realize entre 17 e 19 de dezembro, em vez de entre 14 e 16 de janeiro, como estava previsto.
“A preparação e prontidão do PSD para as eventuais eleições legislativas antecipadas beneficiaria com a realização do Congresso Nacional do PSD em período mais próximo das eleições diretas e ainda no mês de dezembro de 2021”, justifica o texto.
PSD/Madeira vai votar contra OE
Aos jornalistas, o presidente do PSD disse ainda ter garantias de que os deputados do PSD/Madeira irão votar contra o Orçamento do Estado para 2022.
“As palavras que interpreto são as que eu próprio ouvi dele [Miguel Albuquerque], a posição está tomada e está solidária, a Madeira não está à venda, tem dignidade”, afirmou Rio, citado pela rádio TSF.
“As informações que tenho é que os deputados da Madeira estão perfeitamente solidários com decisão unânime da Comissão Política Nacional. A própria Comissão Política Regional decidiu o voto contra um Orçamento que é muito mau para o país e também para a Madeira”, afirmou.
“Temos 79 deputados. Está decidido há muito tempo e é assim, vai acontecer. Os 79 votos do PSD são contra o Orçamento do Estado”, declarou ainda.
Entretanto, também esta manhã, o Presidente do Governo Regional da Madeira e líder do PSD/Madeira confirmou essa intenção, explicando que está “sempre disponível para colaborar e trabalhar para o bem do país”, mas que também nunca foi contactado.
“O voto é aquele que foi anunciado, é um voto contra, só se houvesse uma mudança súbita a bem do país e a bem da região”, confirmou, acrescentando que, o Orçamento, como está, “tem um conjunto de premissas que vão levar o país para a ruína”.
“É bom para Portugal que este Governo caia”, reafirmou Albuquerque.
ZAP // Lusa