Recomendação feita por uma task force norte-americana vem contradizer uma indicação emitida em 2016. Segundo os especialistas envolvidos, os riscos inerentes à toma não superam os benefícios.
Os adultos com idade mais avançada a quem não tenham sido diagnosticados problemas no coração não devem, afinal, tomar uma pequena dose diária de aspirina para prevenir ataques cardíacos ou enfartas, ao contrário do que havia sido recomendado anteriormente. O esclarecimento surgiu por parte de uma task force norte-americana, intitulada Preventive Services Task Force e vem contradizer uma prescrição há muito feita por médicos de todo o mundo e que também tinha sido, em 2016, recomendado pela mesma task force.
Agora, de acordo com este painel, o risco de hemorragia para os adultos na casa dos 60 anos ou mais que ainda não tiveram qualquer tipo de ataque cardíaco ou enfarte ultrapassa quaisquer benefícios que possam resultar da toma. Já para os adultos na casa dos 40, os benefícios são pequenos, entende a task force, ao passo que para cinquentenários as “evidências de benefícios são ainda menos evidentes“.
Estas indicações, lembra a CBS, destinam-se a pessoas com elevada tensão sanguínea, colesterol elevado, obesidade ou outras condições que potenciam os referidos episódios. Independentemente da idade, é importante que qualquer indivíduo fale primeiramente com o seu médico antes de iniciar a toma do medicamento, mas também antes de parar, de forma a assegurar que essa é a melhor opção para si, lembrou John Wong, especialista em cuidados primários e membros do organismo. “As aspirinas podem causar sérios danos à saúde das pessoas, os quais podem aumentar com a idade“, reforçou.
Caso a diretriz seja efetivamente emitida, seria um passo a trás face a outra indicação transmitida em 2016 e que visa ajudar a prevenir primeiros ataques cardíacos ou enfartes. Estaria, ainda assim, em linha com recomendações mais recentes feitas por outros grupos de saúde. A prescrição da toma de pequenas doses de aspirina diariamente tem sido prática recorrente também nos doentes que já sofreram destes episódios — nestes casos, a task force não faz alterações ao que era anteriormente recomendado.
Num outro campo, a task force também havia emitido anteriormente indicações que defendiam que uma pequena dose diária de aspirina também poderia proteger contra o cancro do cólon e reto em adultos na casa dos 50 e 60 anos, mas também esta recomendação foi retirada, já que os especialistas entendem serem precisas mais evidências de benefícios.
O conjunto de clínicos e investigadores que compõem o painel independente tem como função analisar artigos científicos e literatura que vá sendo publicada, tudo com o objetivo de ajudar a população norte-americana a manter-se saudável. Face a este acompanhamento permanente, o qual permite uma revisão da produção científica publicada no passado.
A aspirina é um medicamento mais conhecido por aliviar dores, mas é muitas vezes usado devido à sua capacidade de tornar o sangue “mais fino“, o que pode reduzir o risco de criação de coagulos. No entanto, a aspirina também tem riscos, mesmo quando tomada em doses pequenas. Pode dar-se o caso de hemorragias no aparelho digestivo ou úlceras, havendo, em ambos, riscos de vida.