A Associação Rodoviária de Transportadores Pesados de Passageiros (ARP) alertou hoje que o setor pode entrar em falência ou passar a abastecer em Espanha face ao aumento do preço do gasóleo e pediu a intervenção do Governo.
“[…] O aumento exponencial do preço do combustível, que atinge hoje valores à volta de 1,60 euros (gasóleo), limitam as empresas na sua atividade, uma vez que esse aumento não poderá ser repercutido no preço dos serviços prestados, pois, por um lado, existem já contratos celebrados que não poderão ser alterados e, por outro, o aumento do preço dos serviços levaria a um afastamento dos turistas”, apontou, em comunicado, a associação.
Por outro lado, a ARP, que representa cerca de 130 associados, classificou como “incompreensível o tratamento diferenciado” dado ao transporte pesado de passageiros face ao de mercadorias, tendo em conta que para os autocarros tem vindo a ser “sucessivamente recusado” o benefício do gasóleo profissional.
Segundo a associação, as empresas de transporte de mercadorias têm acesso ao gasóleo profissional, podendo ser reembolsadas em 0,1833 euros por cada litro.
Já em Espanha, as empresas de transporte coletivo de passageiros que têm acesso ao gasóleo profissional são reembolsadas em 0,049 euros por litro.
Também em França, estas empresas são reembolsadas em 0,2171 euros por litro abastecido.
“Face à falta de abertura por parte do Governo, o setor do transporte pesado de passageiros está fortemente fragilizado”, notou, acrescentando que existem apenas dois caminhos – a insolvência, “arrastando para o desemprego milhares de trabalhadores, com todo o impacto social e económico que daí advém” ou o abastecimento das viaturas em Espanha, deixando de gerar “receitas para os cofres do Estado”.
No documento, a ARP disse ainda que o mecanismo, aprovado recentemente pelo parlamento, para regular as margens na cadeia de comercialização dos combustíveis rodoviários e GPL, “em nada veio alterar ou melhorar o estado das coisas”.
Isto deve-se ao facto de que entre os elementos que compõem o preço final do combustível, os impostos têm o maior peso, cerca de 60%.
// Lusa