França, Itália, Portugal e Espanha conseguiram (quase) todos os grandes títulos desde 2006. Alemanha é a “intrusa”.
A França conquistou a segunda edição da Liga das Nações, neste domingo. A selecção francesa é assim a sucessora de Portugal e passou a ser a única que já venceu Mundial de futebol, Europeu e a recente Liga das Nações.
Os franceses também confirmaram algo que começou em 2006 e que já se sabia antes de a final começar, porque a outra finalista foi a Espanha: nos últimos 15 anos os principais torneios entre selecções foram (quase) todos ganhos por países europeus cujo idioma tem origem latina.
Recuemos precisamente a 2006. A Alemanha organizou o Mundial desse ano mas quem venceu foi a Itália. Numa final disputada com outra selecção latina, a França.
Em 2008 começou o domínio espanhol: a Espanha venceu o Europeu desse ano, organizado pela Áustria e pela Suíça, levando a melhor sobre a Alemanha na final; dois anos depois foi à África do Sul ser campeã mundial, vencendo a Holanda na final; em 2012 repetiu a conquista do Europeu, num duelo final com os (latinos) italianos, num torneio na Polónia e na Ucrânia.
2014 foi a excepção nesta última dezena e meia de anos. No Brasil, a Alemanha ainda encontrou latinos não-europeus na final (Argentina) mas foi a melhor.
Portugal retomou o domínio latino em 2016, vencendo a França, em França, na final do Europeu desse ano – mais uma final entre países latinos.
A França subiu ao lugar mais alto pela primeira vez (neste período) quando foi campeã mundial em 2018, no Mundial realizado na Rússia, e batendo a Croácia na final.
No ano seguinte, 2019, Portugal voltou ao topo da Europa, ganhando a primeira Liga das Nações. A Holanda foi a outra selecção finalista, no Estádio do Dragão.
Em 2021, dupla vitória latina: a Itália no Europeu e a França na Liga das Nações.
Só a extinta – e prova mais curta – Taça das Confederações “fugiu” aos europeus latinos durante estes 15 anos: duas taças para o Brasil e uma para a Alemanha.
E, se formos um pouco mais longe neste currículo recente, reparamos que esta tendência começou ainda no final do século passado, com as vitórias da França no Mundial 1998 e no Europeu 2000. Depois disso houve uma “pausa”, com triunfos internacionais para Brasil e Grécia, mas a partir de 2006 o latim mandou na Europa do futebol.
Apesar deste domínio nos últimos 15 anos, a Europa latina (ainda) não está no topo dos currículos: Brasil e Alemanha superam a Itália na história dos Mundiais, enquanto a Alemanha (porque esteve em mais finais) está melhor do que a Espanha na história dos Europeus de futebol.
Há cerca de 30 anos que o futebol mundial se joga pelo fuso horário europeu, é isso que explica a superioridade europeia na conquista de títulos. Explico: todas as selecções, na atualidade, independentemente do continente de origem, jogam no verão europeu, Junho e Julho, não no verão sul-americano, os melhores jogadores, sejam brasileiros, argentinos ou europeus estão no mesmo plano atlético e técnico, em fim de época, foi esta fraude a que chamo “fuso horário” que deu cinco títulos ao Brasil. E mais alguns a outros países sul-americanos, não foi a qualidade do futebol. Por exemplo, o verão no Brasil começa em 21 de Dezembro, não em 21 de Junho. E a diferença de seis meses fazia toda a diferença, hoje não faz, manda o verão europeu.