As associações empresariais que representam os grandes consumidores de energia admitem que há empresas a estudar a saída de Portugal devido à subida alucinante dos custos da energia no mercado ibérico.
“Temos conhecimento de empresas que estão a ponderar a relocalização para países onde os custos com a energia sejam inferiores. Há pelo menos uma multinacional, que tem produção em Portugal e está a pensar deslocalizá-la por causa dos preços”, garantiu o presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), Luís Miguel Ribeiro, em declarações ao Jornal de Negócios.
Algumas empresas antecipam uma subida das faturas entre 30% e 100%, o que pode ser altamente penalizante em “empresas cujo consumo energético representa cerca de meio milhão de euros por mês”.
Se, em janeiro, o preço do megawatt hora (MWh) rondava os 60 euros no mercado grossista ibérico (Mibel), em outubro, o valor médio praticado ultrapassa os 200 euros por MWh.
“Qualquer aumento no preço da eletricidade tem impacto nas empresas associadas da APIGCEE, em particular as que se encontram mais expostas ao mercado spot nos seus contratos de fornecimento de eletricidade com o inevitável aumento de custos”, corroborou a Associação Portuguesa de Industriais Grandes Consumidores de Energia Elétrica (APIGCEE).
Ao Negócios, Luís Miguel Ribeiro garante que o aumento dos preços está “a pôr em causa a carteira de encomendas, os compromissos assumidos e a competitividade com outros países que têm a energia mais barata”.
A associação já manifestou as suas preocupações ao Governo, já que “metade da fatura da eletricidade são taxas e impostos”.
“Estamos a travar uma retoma das empresas, após este período de pandemia, que poderia ser mais rápida”, acrescentou Ribeiro, salientando que “toda a economia sairá prejudicada, porque as empresas vão gerar menos riqueza, além de estarem em causa os postos de trabalho e as mais-valias”.