O ex-presidente do Governo catalão Carles Puigdemont chegou este domingo à Sardenha, sem problemas ao entrar em Itália, para preparar com os advogados a sua presença na segunda-feira no Tribunal de Apelação de Sassiri, que avalia a sua extradição para Espanha.
Carles Puigdemont foi detido em 23 de setembro ao chegar ao aeroporto de Alghero, mas o tribunal da Sardenha libertou-o algumas horas depois sem medidas cautelares e convocou-o para esta segunda-feira para decidir sobre a sua possível entrega às autoridades espanholas.
O líder do Juntos pela Catalunha (JxCat) aterrou na manhã deste domingo no aeroporto de Alghero, sem nenhum incidente com a polícia italiana, ao contrário da última vez.
Na ilha italiana também estão os seus companheiros no Parlamento Europeu, Toni Comín – que viajou com o ex-presidente catalão – e Clara Ponsatí – que já estava na Sardenha -, também foragida da justiça espanhola.
Na área de desembarque do aeroporto, tinha à sua espera o seu advogado, Gonzalo Boye, com quem preparará a apresentação de segunda-feira, junto com a restante da equipa jurídica.
Em declarações ao RAC1, Boye disse estar otimista sobre a audiência de segunda-feira. “Não há possibilidade de o tribunal extraditar Puigdemont“, disse o advogado.
O defensor foi mais longe e referindo a possibilidade de que nos próximos meses surjam as circunstâncias para que Puigdemont possa regressar a Espanha sem ser preso, caso o Tribunal Geral da União Europeia (TGUE) “conceda imunidade a Puigdemont”.
O TGUE tem sobre a mesa um apelo de Puigdemont a pedir que seja devolvida a sua imunidade como eurodeputado, após a sua prisão e posterior libertação em Itália na semana passada.
O magistrado do Supremo Tribunal espanhol Pablo Llarena, que está a instruir o processo contra o ex-presidente catalão em Espanha, pediu ao Tribunal de Recurso de Sassari que concorde com a entrega do político à Espanha, porque a ação preliminar não suspende a ordem europeia, que está “ativa”, e o eurodeputado não tem imunidade.
A tentativa de secessão em outubro de 2017 da Catalunha, uma comunidade autónoma situada no nordeste de Espanha, com uma população de 7,8 milhões de habitantes, marcou uma das principais crises políticas vividas em Espanha desde o fim da ditadura franquista em 1975.
Apesar de proibida pelos tribunais, o governo regional – que na altura era presidido por Carles Puigdemont – realizou, em 1 de outubro de 2017, um referendo sobre a autodeterminação do território, que foi marcada pela violência policial e seguida, algumas semanas mais tarde, por uma declaração de independência.
O Governo espanhol, que na altura era liderado pelo Partido Popular (direita), colocou a região sob a tutela direta de Madrid e prendeu os principais líderes independentistas que não tinham fugido para o estrangeiro.
// Lusa