Nova linha de crédito terá 150 milhões de euros destinados às pequenas e médias empresas, tendo como objetivo incrementar a retoma económica.
O ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital anunciou hoje, em Coimbra, que o Governo vai continuar a lançar linhas de crédito para apoiar o setor do turismo, cuja retoma em curso ainda “vai ser lenta”. Ao intervir na sessão de abertura da Conferência Mundial do Turismo, promovida pela Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Pedro Siza Vieira anunciou que será lançada uma nova linha de 150 milhões de euros para reforçar a oferta existente neste momento.
“Nos próximos tempos precisaremos de continuar a apoiar as empresas do setor turístico, porque apesar de já estar aí a retoma ela ainda vai ser lenta”, disse o governante na sessão, que decorre esta tarde, em Coimbra. Neste momento, segundo o ministro, está em curso o programa Retomar para ajudar as empresas nas “discussões que estão a ter com os seus bancos no sentido de assegurarem o ajustamento dos seus créditos sobre moratórias às condições operacionais que podem antecipar”.
Este programa vai ser reforçado com 150 milhões de euros “quer no Turismo de Portugal quer no sistema bancário para pequenas e médias empresas”, adiantou aos jornalistas. Pedro Siza Vieira anunciou ainda o lançamento do programa Adaptar para atribuir incentivos a empresas do setor para fazerem “pequenos investimentos para adequar as suas ofertas àquilo que são as novas condições de operação”.
Para o início do ano, está previsto o lançamento do programa Reforçar, que se destina a empresas que pretendam começar a reduzir o seu endividamento ao abrigo das linhas covid-19. “Permitiremos que as empresas dos setores mais afetados possam ter acesso a um incentivo a fundo perdido, desde que coloquem montantes do mesmo valor para amortizarem o seu endividamento atual”, frisou o governante.
O ministro garantiu ainda que o Governo vai manter nos próximos meses o regime de apoio à retoma progressiva, que apoia os setores mais afetados com o pagamento de parte dos salários dos trabalhadores quando as empresas não tenham capacidade de os fazer plenamente. “É uma medida de proteção ao emprego que, ao mesmo tempo, constitui também um alívio à tesouraria das empresas durante estes tempos de alguma incerteza”.
Na sessão de abertura, o presidente da CTP, Francisco Calheiros, realçou que o motor do setor “está momentaneamente gripado, sofreu muitos danos”, mas acredita que será possível recuperá-lo. Para isso, reafirmou, será necessário um “apoio muito claro do Governo”, considerando que é fundamental que os programas de apoio aprovados e anunciados para o turismo cheguem “rapidamente às empresas”.
No sábado, em entrevista à Lusa, o presidente da CTP já tinha instado o Governo a pôr em prática medidas de apoio que ficaram “no papel”, porque, segundo o responsável, as empresas “estão presas por arames” e corre-se o risco de “morrer na praia”.
“Muitas das empresas, neste momento, estão presas por arames. E qual é o problema? O problema é que não podemos morrer quando estamos a chegar à praia. Quer dizer, estamos a ver a praia e este esforço de um ano e meio é fundamental que não seja infrutífero”, considerou Francisco Calheiros, em entrevista à agência Lusa.
O presidente da CTP disse ainda acreditar que em março de 2022 o setor vai retomar a sua atividade normal, com a aproximação do Carnaval e da Páscoa, bem como com o fim do período de época baixa, que se inicia agora em outubro. Na sua intervenção hoje, voltou também a criticar, tal como em entrevista à Lusa no sábado, a falta de flexibilidade no código laboral e a indefinição sobre o novo aeroporto de Lisboa.