Jerónimo de Sousa lançou o caos ao afastar coligações pós-eleitorais, mas João Ferreira veio esclarecer as declarações do líder comunista no arranque da campanha eleitoral. À semelhança da CDU, também o Bloco de Esquerda está disponível para negociar com o PS e estabelece o seu grande objetivo: impedir a maioria absoluta de Fernando Medina.
Numa entrevista à Rádio Renascença, publicada no início desta semana, Jerónimo de Sousa recusou coligações pós-eleitorais, uma declaração que obrigou o candidato da CDU à Câmara Municipal de Lisboa a explicar o que estava nas entrelinhas.
“Uma coisa são coligações”, outra é assumir pelouros, e para isso o PCP está disponível, esclareceu João Ferreira, citado pelo Observador. Isto significa que os comunistas estão abertos a partilhar a governação da cidade, mas não em assinar acordos mais alargados, como o Bloco de Esquerda fez em 2017.
O PCP pode aceitar ou distribuir pelouros “se entender que estão satisfeitas algumas condições”, acrescentou o candidato, sublinhando que isso não significa “a existência de uma coligação com quem distribui o pelouro”. Entendimentos, mas sem amarras.
Segundo o diário online, as declarações de Jerónimo e Ferreira confundiram a candidatura de Medina, que desconfia que possa haver uma estratégia por acertar entre os interesses do PCP nacional e o do PCP Lisboa. Apesar disso, o PS bate o pé: se os comunistas querem pelouros, terão de aceitar um acordo político – mesmo que não haja uma coligação.
Já o Bloco de Esquerda, que assinou um acordo com o PS há quatro anos, continua disponível para fazer o mesmo este ano. “Privilegiamos acordos formais, com prazos e objetivos”, revelou um dirigente.
Na terça-feira à tarde, ao lado da candidata a Lisboa Beatriz Gomes Dias, Catarina Martins visitou uma casa que vai ser entregue para arrendamento acessível na Avenida da República e abordou o acordo com os socialistas, que previa 6 mil fogos de arrendamento acessível.
O que “falhou” foi o PS, que tem uma “teimosia terrível”, sublinhou a líder bloquista. “Se tivermos maioria absoluta do PS, soluções diferentes não vão acontecer”, insistiu. “Querem uma maioria absoluta de Fernando Medina ou querem esta força à esquerda para estas soluções?”
A grande meta estava traçada: impedir a maioria absoluta do atual presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina.