Quando calca acidentalmente a cauda do seu cão, será que ele percebe que foi sem querer? Um novo estudo sugere que sim.
Em psicologia, a teoria da mente refere-se à capacidade mental de compreender outras pessoas e o seu comportamento, atribuindo-lhes estados mentais. Novas evidências sugerem que alguns animais podem ter formas limitadas da teoria da mente, incluindo macacos, pássaros e cães.
Em causa, explica o portal Big Think, está a capacidade de compreender a intenção nas ações dos humanos. Anteriormente, considerava-se que esta era uma habilidade única dos seres humanos — mas agora suspeita-se que não.
Por exemplo, os corvos que procuram armazenar comida vão mudar o lugar onde a escondem se reconhecerem que estão a ser observados por outros pássaros. Estudos também sugerem que os chimpanzés podem prever com precisão o comportamento de outros primatas envolvidos em tarefas de procura de alimentos.
Neste novo estudo, publicado este mês na revista Scientific Reports, explorou até que ponto os cães podem entender a intencionalidade dos humanos.
“O cão é provavelmente o animal cuja história e vida quotidiana estão mais entrelaçadas com a dos humanos. Tendo evoluído muito próximo aos humanos, os cães desenvolveram habilidades especiais para formar fortes laços sociais connosco. Nesta relação, eles são confrontados regularmente com diferentes formas de intencionalidade humana”, escrevem os autores do artigo.
Os cães mostram entender melhor o significado de apontar em comparação com outros animais, como macacos. Também conseguem perceber melhor quando estamos a comunicar com eles ou com outra pessoa.
Os investigadores procuraram perceber se os cães entendiam quando as pessoas lhes negavam guloseimas intencionalmente ou não.
Na experiência, reter intencionalmente uma guloseima significa que o investigador não a entregava por sua própria vontade. Para as condições não intencionais, o investigador deixava cair desajeitadamente a guloseima ou a entrega era bloqueada por uma barreira.
Todas as três condições, explica o Big Think, eram acompanhadas por vocalizações do cientista: “ups!” quando deixava cair a guloseima, “oh!” quando ela não conseguia entregar, e “ha-ha!” quando ele intencionalmente a guardava do animal.
Os resultados sugerem que os cães foram capazes de distinguir entre retenções não intencionais e intencionais.
“Eles esperaram muito mais tempo antes de se aproximar de uma guloseima que o investigador reteve intencionalmente do que uma recompensa que não foi dada devido à falta de jeito humana ou a um obstáculo físico”, escreveram os autores.