O Novo Banco acusa o Fundo de Resolução pelo facto de a venda da dívida da Imosteps, empresa de Luís Filipe Vieira, não ter sido vendida isoladamente a um fundo.
A detenção de Luís Filipe Vieira foi como uma bomba largada no meio da direção benfiquista. No entanto, o SL Benfica não foi a única instituição afetada pela queda do ex-presidente das ‘águias’.
Numa carta à qual o semanário NOVO teve acesso, António Ramalho, presidente do Novo Banco, culpa o Fundo de Resolução por má venda da dívida da Imosteps, a empresa de Vieira que está no centro da investigação do Ministério Público. “É um jogo de passa-culpas”, escreve o jornal esta sexta-feira.
O Novo Banco argumenta que a dívida da Imosteps podia ter sido vendida mais cedo e ter sido vendida isoladamente, por 9,7 milhões de euros. A dívida acabaria por ser comprada por José António dos Santos, empresário conhecido como ‘Rei dos Frangos’.
O banco sugere que a dívida da empresa de Luís Filipe Vieira só não foi vendida por um preço mais alto porque o Fundo de Resolução, liderado por Máximo dos Santos, não autorizou.
António Ramalho alega que o Novo Banco foi obrigado a vender a dívida da Imosteps em bloco, no pacote Nata 2, encaixando apenas 6,6 milhões de euros, porque o Fundo de Resolução não aceitou vender a um fundo.
“O Fundo de Resolução tinha o direito a retirar do perímetro certos casos que julgasse do seu interesse não serem alienados, direito de exclusão que usou para alguns casos, mas que decidiu não usar para a Imosteps, mesmo sabendo que o valor era mais baixo”, lê-se na carta enviada à Comissão Parlamentar de Inquérito sobre as perdas do Novo Banco, à qual o NOVO tece acesso.
Em 2019, a Nata II viu o Novo Banco desfazer-se dos seus maiores devedores. A intenção era alienar créditos de 3 mil milhões de euros, mas o banco acabou a vender ativos de 1.202 milhões de euros, com uma imparidade de 1.056 milhões.
Apenas em cinco operações de venda de créditos e imóveis (Nata I, Nata II, Viriato, Sertorius e Albatroz), o banco liderado por António Ramalho perdeu 611 milhões de euros.
A versão do Ministério Público é distinta, com o organismo a sugerir que as vendas só foram chumbadas pelo Fundo de Resolução porque já se suspeitava que o comprador, José António dos Santos, estava ligado ao devedor, Luís Filipe Vieira.