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“Entristece-me ver o CDS nas notícias sempre pelas más razões”, lamenta Cristas

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Estela Silva / Lusa

Assunção Cristas

A ex-líder do CDS lamenta ver o partido nas notícias “sempre pelas más razões”, mas assegura também que vai estar “totalmente fora” da corrida pela sua liderança. “Este ciclo da política fechou-se”, afirmou.

Assunção Cristas foi entrevistada, esta quarta-feira, no programa “Grande entrevista”, da RTP3. Confrontada com as sondagens que dão resultados muito negativos ao CDS, a ex-líder admitiu que a entristece ver o partido “nas notícias sempre pelas más razões e a não ser ouvido nas suas propostas, alternativas e naquilo que tem para dizer ao país”.

“Isso é que eu esperava que o CDS começasse a conseguir fazer. Tem um grupo parlamentar com pessoas de grande qualidade e era bom que nós pudéssemos ouvir mais o CDS por essas razões e menos pelo comentário àquilo que são obviamente notícias menos simpáticas”.

“Tenho pena que às vezes o trabalho que aqueles cinco deputados fazem não possa ser mais ouvido e mais ampliado. Quando estamos na oposição naturalmente que aquilo que se faz no Parlamento é muito importante, e eu sei que estes deputados têm trabalhado muitíssimo”, acrescentou, apontando que a “diversidade de sensibilidades, que foi sempre uma marca do CDS, é muito importante para que o partido possa ser mais ouvido e ampliar a sua mensagem”.

Ressalvando que as sondagens “valem o que valem”, Cristas defendeu que “alguma coisa tem de acontecer para este espaço político do centro-direita moderada, social, democrática, humanista, personalista poder ter aqui algum eco”.

“Isso parece-me que tem de acontecer, até porque é um espaço em que não há outro partido que o ocupe”, sublinhou a ex-líder centrista.

Questionada sobre a possibilidade de Nuno Melo se candidatar à presidência do CDS, a ex-governante começou por ressalvar que “seria muito indelicado” fazer “comentários desse tipo, havendo uma direção do CDS eleita”.

“Nuno Melo foi meu vice-presidente, tenho uma enorme estima por ele, e tem todas as condições de um dia, querendo, poder vir a ser líder do CDS“, disse, no entanto.

No sábado, o também líder da distrital centrista de Braga confirmou que vai apresentar uma moção no próximo congresso do partido, mas disse que a decisão de avançar para a liderança apenas vai ser tomada depois das eleições autárquicas.

Assunção Cristas afirmou também que é ao seu antigo vice-presidente que “compete analisar e avaliar essas circunstâncias” e defendeu que “quem fala em Nuno Melo, fala em Cecília Meireles ou em Adolfo Mesquita Nunes“.

“Qualquer um deles tem condições para, um dia, poder vir a assumir essas funções. Agora, o momento, as circunstâncias em que isso pode vir a acontecer, não me cabe a mim comentar”, realçou.

 

Questionada se há possibilidade de tomar partido numa eventual disputa pela liderança no próximo congresso, que deve acontecer no início do próximo ano, Cristas foi muito clara.

A ex-ministra da Agricultura e do Mar, no anterior Governo PSD-CDS, salientou que se retirou da vida política e que, quando terminar o mandato de vereadora em Lisboa, vai dedicar-se em pleno às funções académicas.

“Encerra-se um ciclo, é o tempo de voltar totalmente à minha vida profissional, a dar aulas”, afirmou, acrescentando que pretende manter-se “bastante discreta e silenciosa nos próximos tempos”.

Sobre as autárquicas, a ex-presidente do CDS reiterou que, face ao resultado do partido em Lisboa nas últimas eleições (21%, que permitiu a eleição de quatro vereadores), “faria todo o sentido que encabeçasse uma coligação com o PSD” na capital.

Questionada se nessas circunstâncias teria sido candidata, Cristas respondeu que “em primeiro lugar era preciso que houvesse condições para o CDS liderar essa coligação e elas nem sequer foram criadas”.

Sobre os partidos de direita, mais concretamente sobre o PSD, a centrista deixou duas críticas ao seu líder, Rui Rio, escreve o semanário Expresso. Uma por abrir uma revisão constitucional com o PS que pode permitir um referendo à regionalização e outra por “ora se dizer de centro-esquerda, ora se dizer de centro-direita”.

Relativamente ao Chega, deixou bem claro que nunca aceitaria um diálogo político com este partido. “Quebrei uma coligação eleitoral com o PSD por causa do atual presidente do Chega. Não queria nenhuma confusão com esse tipo de discurso. Não mudei de ideias: radicalismos e posturas que não enquadram com valores democráticos, não deve haver essa possibilidade de diálogo”, cita o jornal.

Sobre o Governo de António Costa, Cristas concorda com a opinião de outros partidos da oposição, considerando que está “muito desgastado” e deixando críticas à gestão da pandemia, que teve “avanços e recuos”, e ao ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, que está “profundamente fragilizado”.

ZAP // Lusa

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