A Ordem dos Médicos e o Instituto Superior Técnico propuseram uma nova matriz de risco para analisar em tempo real a evolução da pandemia, tendo em conta os internamentos e as mortes por covid-19.
Por considerar que a atual matriz de risco não mede o impacto da covid-19 da melhor forma, a Ordem dos Médicos (OM) apresentou, esta quarta-feira, um novo “indicador de impacto”, avança o Público.
Este indicador, desenvolvido em conjunto com o Instituto Superior Técnico, consiste na análise da letalidade da covid-19 e da capacidade hospitalar, funcionando por pontos — pode ir além dos 180, sendo que os 100 pontos correspondem ao limite em que se entra na fase crítica.
Para as contas entram também o R(t), a incidência, os internamentos e os óbitos por covid-19.
“Nos 100 pontos estamos na chamada fase crítica, uma fase em que é preciso de facto fazer mais qualquer coisa de substancial”, explica o bastonário da OM, Miguel Guimarães.
Antes dos 100 pontos – correspondentes à fase “crítica”, que vai até aos 120 pontos – existem as fases “residual” (10 a 40), de “alerta” (40 a 80) e “alarme” (80 a 100). Depois da fase “crítica”, vem a de “rutura” (para cima de 120 pontos).
Segundo Miguel Guimarães, este “é um indicador democrático”, que “pode ser feito em casa” por qualquer pessoa.
“Vamos poder utilizar já a partir do momento em que o vamos ter funcional”, disse, explicando que bastará introduzir nos sites da Ordem dos Médicos ou do Instituto Superior Técnico alguns dados como o R(t), a incidência da covid-19, o número de internamentos em enfermaria e em cuidados intensivos e a letalidade associada à doença.
A identificação de novas variantes e a aprovação das vacinas “exige que a avaliação do impacto do SARS-CoV-2 seja feita de forma mais ágil” e em tempo útil, para que exista uma “perceção adequada” do risco da pandemia para a saúde pública, explicou, em comunicado, a OM.
A combinação de todos estes dados resultará num “indicador global que permite saber em cada circunstância em que fase estamos, relacionando com a gravidade da situação”, acrescentou Miguel Guimarães.
Além desta nova matriz, existe também um modelo de cores, com uma escala gradiente que vai do verde ao vermelho carregado, lê-se no relatório em que é apresentado este sistema.
De acordo com o Ministério da Saúde, eventuais alterações à matriz de risco só deverão ser ponderadas após reunião no Infarmed, agendada para 27 de julho.