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Talibãs afirmam que já controlam 85% do Afeganistão

EPA / NAWEED HAQJOO

Os Talibãs já controlam 85% do território do Afeganistão, avançou esta sexta-feira um porta-voz do grupo, cujas forças militares ocuparam grande parte das províncias do norte do país, perto da fronteira com a China.

Esta afirmação surge num momento em que três dos membros do grupo visitam Moscovo para discutir as preocupações da Rússia sobre a possibilidade de grupos extremistas se infiltrarem nas suas fronteiras. O governo afegão referiu que a informação avançada pelo grupo não é um golpe de propaganda dos Talibãs, noticiou esta sexta-feira o Guardian.

O avanço do grupo ocorre ao mesmo tempo que os Estados Unidos (EUA) e os seus aliados, como o Reino Unido, aceleram a retirada das tropas do Afeganistão. Os Talibãs vão ocupando território, enquanto tentam estabelecer parcerias de longo prazo e relações com países vizinhos, como a China.

O porta-voz dos Talibãs, Suhail Shaheen, disse que o grupo vê a China como um “amigo” e deseja atrair investimentos chineses para a reconstrução do país, dilacerado pela guerra. “Se têm investimentos, é claro que garantimos a sua segurança. A segurança deles [chineses] é muito importante para nós”, indicou o responsável à This Week in Asia.

Esta sexta-feira, autoridades locais disseram à agência Reuters que os Talibãs tomaram Torghundi, perto da fronteira com o Turquemenistão, onde vivem dezenas de milhares da minoria xiita hazara. Estes rápidos avanços levaram centenas de agentes afegãos, funcionários da inteligência e refugiados a fugir para o Turquemenistão e o para Irão.

Em junho, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hua Chunying, referiu que a escalada da violência no Afeganistão se devia ao anúncio “abrupto” de retirada das tropas norte-americanas.

Analistas chineses apontam para a possibilidade de o Afeganistão se tornar um porto seguro para grupos separatistas uigures. Mas Suhail Shaheen afirmou que os Talibãs não permitirão a entrada no Afeganistão de combatentes uigures, acrescentando que o país também não abrigará elementos da Al-Qaeda.

A velocidade da retirada dos militares norte-americanos e da NATO do Afeganistão aumentou as preocupações da China sobre um possível vácuo na segurança. Contudo, os chineses mantêm laços diplomáticos com os Talibãs há anos.

Em junho, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, disse aos seus colegas afegãos e paquistaneses que Pequim está a planear expandir substancialmente no Afeganistão os projetos que constam do plano de política externa do Presidente Xi Jinping, de forma a aumentar a sua influência no país.

Taísa Pagno //

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