Prisioneiros em celas de confinamento solitário estão a colaborar com voluntários para construir “jardins solitários”.
Os encarcerados têm apenas um espaço de 1,80 por 3 metros, que por si só já é pequeno, mas ao qual ainda se tem de subtrair o espaço da sanita, do lavatório e da cama.
Os jardins idealizados são representações do mundo real de como seria um jardim de cela de prisão. A ideia partiu de Jackie Sumell, está a ser implementada em Nova Orleães e chama-se “Solitary Gardens”, precisamente “Jardins Solitários”.
O objetivo é encorajar relacionamentos inesperados entre pessoas em confinamento solitário e voluntários do lado de fora, escreve o portal Free Think.
Os canteiros dos “jardins solitários” serão feitos de cana-de-açúcar, algodão e anil, tudo plantações produzidas tipicamente por escravos. Aqueles que defendem a reforma do sistema prisional dos EUA argumentam que a representação excessiva de homens afro-americanos nas prisões é uma das consequências da escravidão.
Homens negros são encarcerados a uma taxa quatro vezes maior que a de homens brancos no estado de Louisiana. “Como pode negar essa relação com a escravidão?”, questiona Sumell.
Os jardins serão “cultivados” por presidiários através de trocas de cartas por escrito com voluntários. Os voluntários enviam uma lista de plantas, incluindo ervas medicinais e flores, para prisioneiros em confinamento solitário. A partir daí, os prisioneiros escolhem que plantas querem e onde querem pô-las no jardim.
Por fim, o jardineiro voluntário planta as plantas escolhidas pelo prisioneiro, seguindo os pedidos do prisioneiro o mais fielmente possível.
“O jardim deles foi projetado especificamente pensando em maneiras que teriam prevenido que fossem parar à prisão”, disse Sumell.
Sumell teve a ideia dos Jardins Solitários através de uma colaboração com Herman Wallace, que, juntamente com Robert King e Albert Woodfox, é um dos “Angola Three”. O trio passou décadas em confinamento solitário antes das suas condenações serem anuladas — considerado o mais longo confinamento solitário da história dos Estados Unidos.