A Direção-Geral da Saúde (DGS) adiantou que, dos mais de 1100 partos realizados em casa ao longo do ano passado, 63% tiveram assistência médica.
Esta segunda-feira, o jornal Público usou os números divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para noticiar que, em 2020, mais de 1100 mulheres optaram por um parto domiciliário.
Hoje, o mesmo diário, que falou com a Direção-Geral da Saúde, avança que, deste número de partos ao longo do ano passado, apenas 2,8% decorreram sem assistência de profissionais de saúde.
A DGS informa que 63% tiveram assistência médica, 29% foram assistidos por enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica e 1% por enfermeiros, mas lembra que o “facto de terem tido assistência de profissionais de saúde não elimina os riscos que implica um parto no domicílio”.
A Direção-Geral da Saúde acrescenta que “envolvem riscos aumentados de morbilidade e mortalidade materna e, pela possibilidade inesperada de complicações na parturiente e ou no recém-nascido, podem ter consequências devastadoras“.
Ao matutino, João Bernardes, presidente do Colégio da Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médicos (OM), diz ter ficado “muito surpreendido” com estes números, uma vez que a OM desaconselha a realização de partos em casa.
“Fico muito surpreendido com esses 63% (…), custa-me, aliás, acreditar nesses valores, porque a Ordem sempre desaconselhou e continua a desaconselhar o envolvimento de profissionais médicos nos partos no domicílio”, afirmou.
Face à divulgação destes números, o obstetra adianta que se “impõe uma investigação“, embora o Público adiante que a OM já se encontra a investigar o envolvimento de um médico em partos realizados em casa.
Por outro lado, a Ordem dos Enfermeiros (OE) soma três processos para investigar três profissionais e um já foi suspenso de funções.