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Apelidado de “assassino”, instrutor dos Comandos nega abusos

António Cotrim / Lusa

Nesta terça-feira terminaram as alegações finais do julgamento dos 19 militares acusados por crimes de abuso de autoridade por ofensas à integridade física.

Ricardo Rodrigues, o 1.º sargento que era instrutor do grupo de Hugo Abreu no curso 127, e para quem o Ministério Público pediu a única pena de prisão efetiva, falou pela primeira vez no julgamento do caso dos Comandos para defender a sua inocência.

Em declarações aos jornalistas, o militar começou por prestar condolências às famílias de Hugo Abreu e de Dylan da Silva, que morreram na sequência da Prova Zero do curso 127 dos Comandos, em 2016, mas desmentiu os factos alegados pela procuradora de que teria obrigado Hugo Abreu a comer terra quando este já se sentia mal.

Acrescentou ainda que a primeira vez que ouviu falar deste episódio foi num programa de televisão, considerando que a partir daí ficou marcado. “Serei sempre conhecido como o 1.º sargento Rodrigues” associado à morte de Hugo Abreu, que negou. “Temos pessoas a chamarem-nos assassinos”, disse.

O episódio relatado por algumas testemunhas, e não confirmado por outras, levou a procuradora Isabel Lima a alterar a acusação dos 539 crimes que levaram 19 arguidos a julgamento por abuso de autoridade por ofensas à integridade física.

A magistrada pediu a condenação do sargento Ricardo Rodrigues a uma pena de prisão de dez anos por dois crimes de abuso de autoridade por ofensas à integridade física com perigo para a vida e a absolvição de 14 dos 19 arguidos.

Nas suas alegações, a magistrada considerou ter ficado provado em julgamento que este comandante saberia do estado de Hugo Abreu na tarde de 4 de setembro.

No entanto, em vez de proporcionar a transferência do recruta para o hospital, teria dado ordens para que a situação fosse resolvida no Campo de Tiro de Alcochete.

Como noticia o Público, a procuradora pediu ainda cinco e três anos de prisão com pena suspensa para o diretor da prova, tenente-coronel Mário Maia, e o capitão-médico, Miguel Domingues, por considerar que não fizeram o que lhes competia para socorrer de forma atempada Hugo Abreu e Dylan da Silva.

Ao fim de dois anos e oito meses de julgamento, a leitura do acórdão ficou marcada para 6 de setembro.

ZAP //

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