Vice do Mali depõe Presidente e garante eleições em 2022

minusma / Flickr

O Presidente deposto do Mali, Bah Ndaw

O vice-Presidente de transição no Mali anunciou, esta terça-feira, ter demitido o seu superior, o Presidente Bah Ndaw, bem como o primeiro-ministro Moctar Ouané, e garantiu a realização de eleições em 2022.

A notícia surgiu numa declaração lida na televisão nacional. O coronel Assimi Goita assegurou que “o processo de transição continua o seu curso” e que haverá eleições em 2022.

Agora vice-Presidente de transição, o homem que encabeçou o golpe militar de agosto de 2020 tentou transmitir uma ideia de normalidade, convidando o povo maliano a “continuar livremente com as suas ocupações”.

Goita insistiu ainda no “compromisso infalível” das forças armadas do Mali em defender a segurança do país, mas não indicou pormenores sobre o paradeiro do Presidente e do primeiro-ministro agora exonerados, detidos esta segunda-feira.

Após horas de expectativa desde a detenção de Bah Ndaw e Moctar Ouané, o comunicado do vice-Presidente explica que as razões desta ação resultam de uma “crise de muitos meses a nível nacional”. Será referência às greves e manifestações convocadas no país por atores sociais e políticos.

A detenção ocorreu horas depois do anúncio da composição de um novo Executivo formado pelo primeiro-ministro, que, segundo várias fontes, causou desconforto entre os líderes do golpe militar. Foram excluídos do elenco governativo dois comandantes militares.

O coronel Goita acusou Ndaw e Ouane de terem constituído aquele Governo sem o consultarem, apesar de ser ele o responsável pela Defesa e Segurança, áreas cruciais no país.

“Tal movimento demonstra um claro desejo por parte do Presidente e do primeiro-ministro transitórios de violar a carta transitória“, disse Goita, atribuindo-lhes “clara intenção de sabotar a transição”.

A carta transitória, redigida em grande parte pelos coronéis, é um texto de referência, que supostamente irá trazer os civis de volta ao poder. Goita disse ter sido “obrigado a agir” e a destituir das “suas prerrogativas” o Presidente, o primeiro-ministro e todos os envolvidos nesta situação.

Guterres apela à libertação dos líderes políticos

“Estou profundamente preocupado com as notícias da detenção de líderes civis [encarregados] da transição no Mali”, escreveu o secretário-geral da ONU numa mensagem no Twitter. “Apelo à calma e à sua libertação incondicional“, acrescentou António Guterres.

Segundo diplomatas ouvidos pela agência France-Presse, o Conselho de Segurança da ONU poderá realizar uma reunião de emergência nos próximos dias sobre a situação no Mali.

A União Europeia e países como França, Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha já condenaram também este golpe de Estado.

ZAP // Lusa

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