A Câmara Municipal de Cascais contratou um enfermeiro que não está inscrito na Ordem dos Enfermeiros (OE) para administrar vacinas num centro de vacinação contra a covid-19 em Alcabideche.
Foi precisamente este cidadão brasileiro, que não tem autorização para exercer em Portugal, que vacinou o autarca Carlos Carreiras no início da semana.
De acordo com o Observador, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) já pediu à autarquia o seu afastamento das funções que estava a exercer.
O alerta foi dado pelos outros enfermeiros do centro de vacinação, que perceberam que o enfermeiro em causa não teria cédula profissional nem estaria inscrito na OE.
“A OE, após ter sido alertada para esta situação por enfermeiros desse centro de vacinação, e depois de verificar que este cidadão não se encontra inscrito na OE em Portugal, solicitou a intervenção urgente da ARSLVT, uma vez que atenta a norma da DGS, os Centros de Vacinação estão sob a responsabilidade das equipas dos ACES e consequentemente das ARS”, explicou o gabinete de Ana Rita Cavaco ao Observador.
O presidente da ARSLVT, Luís Pisco, pediu à bastonária Ana Rita Cavaco uma “intervenção urgente”.
O enfermeiro nunca se tinha tentado inscrever na Ordem dos Enfermeiros e até foi rejeitado pela Ocean Medical, uma empresa de formação de profissionais de saúde através da qual a autarquia contratou enfermeiros para o centro de vacinação. Em causa esteve o facto de o trabalhador não possuir cédula profissional.
Todavia, a câmara municipal acabaria por contratar o enfermeiro diretamente. “A Câmara de Cascais pode fazer contratações para os centros de vacinação ao abrigo da parceria com a ARSLVT. Só pode é contratar enfermeiros”, sublinha a OE.
A câmara de Cascais explicou ao Observador que “o enfermeiro fez prova de mais de cinco anos de experiência profissional” e que “a sua contratação foi validada pelo Conselho Clínico e de Saúde do ACES Cascais”.
“A contratação do enfermeiro foi consumada só depois de a Câmara Municipal de Cascais ter esgotado todas as possibilidades de contratação de enfermeiros na base de dados da Ordem”, explicou ainda a autarquia.